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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Quanto tempo ainda pode demorar?




Este estilo de vida que estamos vivendo nos dias de hoje está interferindo diretamente em um aspecto até biológico do ser humano, do nosso orgamismo: a forma de nos relacionarmos com o tempo.

A modernidade, a internet, o imediatismo dos meios de comunicação tem nos levado a acreditar de que cada minuto é uma eternidade, cada segundo o último e cada tempo "perdido" é algo inimaginável de se engolir.

Tudo tem que ser já.

Por conta disso, temos visto cada vez mais as coisas ao nosso redor acontecendo precocemente. São inúmeros os exemplos, talvez "todos" os exemplos podem ser dados em aspectos mais diversos de nosso cotidiano: adolescentes cada vez mais jovens se formando em faculdades, engravidando,  carros cada vez mais rápidos, conexões mais instantâneas, prazos imediatos em negociações, e assim caminha a humanidade, que diferente da canção de Lulu Santos, não quer saber mais de "passos de formiga e sem vontade".

Parece brincadeira, mas esperar um minuto e meio no semáforo vermelho no trânsito tem irritado muita gente. Esperar em um engarrafamento então, nem se fala. Se a ligação para a companhia telefônica durar mais do que cinco minutos, uma tragédia grega...se o pedido do hamburguer na lanchonete levar mais do que dez minutos, as reclamações se levantam...já ouvi boatos de que tem mulheres ai achando que aguardar nove meses para parir um filho é tempo demais.

Quando disse lá em cima que é até "biológico" a coisa, digo, sem dados empiricos e sem estudos cientificos, de que é bem capaz de que se, hoje, todos vivessem como nos primórdios do século passado, muitos morreriam de patologias associadas ao "não imediatismo".

Estamos, todos nós, embebedados de imediatismo. De tão mal acostumados com a pressa não estamos notando que se tornou hábito regermos nossas ações pautadas no agora.

É certo de que a sociedade e o mundo que vivemos agora é que nos tem levado por esse caminho, talvez sem volta.

Mas o que quero refletir com você é o seguinte: até que ponto estamos perdendo a percepção de que é preciso esperar?

Contaminados por esse "imediatismo" muitas denominações cristãs tem "vendido" a idéia do "agora" para os fiéis, para os cristãos. "Sua benção hoje", "Sua cura agora", "Sua vitória nesta hora".

Esquecendo-se de que existem prazos, no céu e na terra. E estes são diferentes daqueles que queremos estipular.

Alguns, na ânsia (imediata) de querer provar de que "a hora é já" pegam exemplos biblicos de curas divinas de Jesus: "levanta e anda", "vai, seus pecados estão perdoados", "receba a cura"...ai remendam:

- viu?! ficou curado!! - viu?! recebeu a vitória!!

Mas esses mesmo defensores do imediatismo esquecem de considerar de que o cego, o paralitico, o surdo, o mudo, o endemoniado passaram anos vivendo em suas condições precárias.

"A vitória", "a bênção" não aconteceu do dia para noite, e sim, no momento que aprouve a Deus, que Ele resolveu condecer a benção mediante sua infinita misericórdia por intermédio de Jesus Cristo.

A turma que gosta de pregar sobre as bençãos materiais tem seus personagens prediletos: Jacó, José do Egito, Davi, Salomão e mais um ou outro nesta mesma linha  de pompa e glória.

Então, pregam com afinco sobre o "reinado majestoso de José do Egito", que virou governador. Muito bonito, oportuno e benção de Deus mesmo! Louvado seja o nosso Deus pelo o que fez com José. Mas não podemos esquecer do longo tempo que nosso irmão passou tanto servindo como escravo, quanto encarcerado na prisão do Egito, pelas calúnias que sofreu. Davi, o valoroso rei de Israel, também não lutou com Golias de uma hora pra outra e sua vida se resolveu. Antes disso, trabalhou árduos e trabalhosos anos apascentando ovelhas, lutando com leões e ursos, vencendo obrigatoriamente sua fase de aprendizado e galgando penosamente suas conquistas. Depois ainda de vencer Golias, passou um bom tempo fugindo do rei Saul, lutando batalhas e sofrendo todas as dores que precedem as vitórias.

E assim, se fossemos contar história por história, descobririamos surpreendentemente que um traço comum está presente na biografia de praticamente todos os homens vencedores da Biblia: o tempo que leva para a vitória chegar.

E por que nós hoje em dia nos mostramos tão insatisfeitos com vitórias que não aconteceram mesmo com nossos esforços?

Em hípóstese alguma estou aqui relativizando o poderio de Deus de realizar o que quer na hora que quer...muito pelo contrário, estou mesmo é enfatizando esta característica de Deus: a da sua supremacia de realizar seu propósito acima da nossa vontade, ou ainda assim do que nós pedimos ou somos capazes de necessitar.

Jesus quando nos ensina a orar revela a nós algo extremamente capcioso: " porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes." (Mat 6:8)

Tem muita gente que se "decepciona" com Deus, desiste da caminhada, desiste de seguir em frente, porque acha que suas bençãos estão demorando...já se passaram 1, 2, 3 anos e acham que porque nada mudou, Deus não existe, não quer atender, desacreditam.

O tempo é o fator chave nessa questão, e nem exatamente a dor ou o sofrimento que se possa sofrer...afinal, estamos vivos, as vezes com saúde, com pessoas que nos amam nos cercando, mas a bendita solução financeira, a casa, o carro isso ou aquilo não chegou....portanto, está demorando!!!

Temos que reaprender a nos relacionarmos com o tempo. Não somos senhores do tempo, não temos domínio sobre ele. O máximo que fazemos e tentar aproveitá-lo da melhor forma possivel. E muitos acabam se esquecendo disso e desperdiçam um bocado de tempo reclamando, lamuriando, cultivando infelicidades por algo almejado que não aconteceu no tempo que gostaria que tivesse acontecido.

Então procure a aproveitar melhor seu tempo. Nunca deixe de lutar por seus objetivos. Isso é uma chama que nunca pode se apagar. Mas não se frustre antecipadamente, algo de bom pode acontecer repentinamente e você tem que estar preparado!!

Em Cristo,

Bruno Ramos

sábado, 18 de agosto de 2012

A vida dos outros




A Rede Globo é campeã de audiência absoluta na televisão brasileira porque descobriu uma questão básica do perfil do povo brasileiro: gostar de saber da vida dos outros.

Por isso, investiu desde os primórdios de suas atividades televisivas em teledramaturgia. Brasileiro gosta de assistir novelas e gosta de ficar se inteirando sobre a vida dos outros, que é a mesma coisa. Não satisfeito com o conhecimento profundo da vida dos personagens fictícios, partem para as revistas de fofocas, paparazzos, páginas socialites e tudo que envolve este mundo das celebridades em busca de mais e mais informações, fofocas, escândalos, ou simplesmente bisbilhotar a vida mais intima e secreta das pessoas públicas.

Aos apaixonados por novela já aviso que não trato aqui nada pessoal. Mas creio que poucos que assistem novelas gostam também de ler, por isso acho que vai ter pouca gente das novelas por aqui. Também não quero colocar todos num mesmo saco e vender como farinha só. Vai vendo...

Além da turma da novela, temos ainda a turma dos "vizinhos enxeridos". Aqueles que ao menor alvoroço da casa ao lado, põe o dedo em riste para o parente dentro de casa, faz um "chiiiiiiiiiiiiii" e ainda com voz sussurante solta um "quieto, ouve lá, eles estão brigando de novo". Ainda outros, os que moram em condominios, principalmente, tem a audácia corajosa de se expor ao flagrante e meter o ouvido colado na porta do vizinho para tomar conhecimento dos aborrecimentos alheios.

A revolução silenciosa mas latente do entretenimento televisivo então, nos dias de hoje, passa a ser os realitys shows! (Me perdoem os gramáticos, não estou nem um pingo disposto a verificar a concordância desta frase). O povo se deleita com a farsa ridicula das "cenas eróticas" "vestidas de vida comum" apresentadas em programas que vocês já sabem mas que recuso a inserir o texto do nome pra não poluir minha lista de referências no google.

Isso tudo é reflexo de uma sociedade que anda futilizando tudo, elevando ao quadrado a inutilidade de seus momentos ociosos.

Não estou aqui respondendo a questões religiosas e cristãs: "assistir novela e televisão é pecado?"...certamente não, mas fuxicar a vida dos outros é. E sentir prazer em estar cada vez mais inútil em prol de uma enganosa "mordomia" merecida depois de um dia de trabalho em frente a nojeiras televisivas é pecado sim: preguiça, malicia e engano no mínimo.

Eu assisto televisão. Claro! Eu sou desse mundo e moro no ocidente, onde as águas são mais brandas. Mas, sinceramente, amo National Geographic, Animal Planet...quer me fazer feliz, me convide pra assistir um documentário da vida dos crocodilos, dos patos selvagens, dos suricatos...assisti quase que uma temporada inteira de Cesar Millan - o encantador de cães! Sou fã de carteirinha de Jeremy Wade, em seu programa "Monstros do Rio". Quando passa uma apresentação na tv cultura de Lee Ritenour, um especial com Toquinho...é um amigo ligando pro outro: "liga lá, vai ter um espetáculo do cara". Coisa boa é assistir uma boa programação de televisão...

Mas o assunto aqui é outro, e o reflexo de gostar de acompanhar a vida dos outros se descamba no gosto mórbido de acompanhar tolices na televisão.

Então, se você acha que é um viciado em fiscalizar a vida dos outros, vou te dar uma recomendação infalível para combater este mal. Se você acha que não é um mexeriqueiro, mas no mínimo dois amigos próximos já te disseram que você é, este conselho também vale pra você, pois mesmo achando que não é, você é um desses.

Na carta a Timóteo, existe um conselho as viúvas novas, mas que vale pra todo o povo cristão:

"Tendo já a sua condenação por haverem aniquilado a primeira fé. E, além disto, aprendem também a andar ociosas de casa em casa; e não só ociosas, mas também paroleiras e curiosas, falando o que não convém. Quero pois que as mais novas se casem, tenham filhos, dirijam a sua casa, e não dêem ocasião ao adversário de maldizer;  porque já algumas se desviaram, indo após Satanás" (1 Timóteo 5:12-15).

Entendeu né? Mas mesmo assim, vou me esforçar para fazer a sua cabeça sobre o assunto:

O tal do DESOCUPADO é o ser humano mais inútil que existe. Ele é inútil, improfícuo e acaba usando sua inutilidade para atacar e destruir a humanidade. Pode reparar: geralmente, na grande esmagadora maioria das vezes (prolixo proposital), a fofoca, o mexerico, a calúnia, parte de pessoas que gastam seu tempo fazendo nada.

Quanto mais as pessoas ocupam seu tempo fazendo nada, mais tempo ganham pra poder se meter na vida dos outros.

Me desculpe a franqueza, mas quem tem tempo de acompanhar uma novela, capitulo a capitulo, é porque não tem compromisso nenhum durante a semana pra fazer algo mais produtivo do que isso.
E não digo só de TRABALHO, EMPREGO, OFÍCIO, ESTUDO, FACULDADE ou similares...eu digo de procurar algo a fazer meu Deus! Algo produtivo pra sua vida, ou pra vida dos outros...

Segue uma lista de atividades:

Vai aprender a pintar, desenhar, andar de bicicleta, aulas de violão, ajuda social, cursinho de manicure, de corte e costura, de computação, de eletrônica, vai cantar no coral da igreja, grupo de oração, visita a famílias recém-convertidas, corra, caminhe, faça musculação, arranje um grupo de amigos pra marcarem encontros semanais na pizzaria, na casa uns dos outros, participe da vida comunitária, filie-se a um partido politico, aprenda a falar inglês, escreva, tire fotos, viaje, faça serão no trabalho, estude pra concurso público, jogue bola, treine artes marciais, leia livros, faça novos amigos...

A lista de possibilidades é tão infinita quanto o interesse em fazê-las pode ser.

O que quero dizer, caro leitor, é que há algo mais produtivo e especial a se fazer com sua própria vida, do que gastar seu valioso tempo apenas contemplando o que os outros fazem...faça também...se você já faz uma porção de coisas produtivas e ainda assim, consegue assistir sua novela, parabéns, isso é uma questão de opinião pessoal e se você acredita que isso não te prejudica em nada devo respeitá-lo.

Mas vigiar a vida dos outros, no tocante a mexericar, bisbilhotar e tratar isso como um hábito aprazível é algo altamente prejudicial a sua vida social, emocional e principalmente espiritual. Dar prolongada atenção a vida dos outros gera um ambiente formidável para proliferação da inveja, da calúnia, para a baixo autoestima, para o desprezo, o desdém  e tudo quanto é sentimento similar a estes.

Então, está dado o recado, espero que lhes seja proveitoso.


Forte abraço,

Em Cristo,

Bruno Ramos



quarta-feira, 15 de agosto de 2012

VERÔNICA



 A fila estava enorme. Chovia bastante. Fim de tarde. Os carros estavam buzinando incessantemente. Um motoqueiro atrapalhava o andamento da fila do pedágio. Catava umas moedinhas no bolso. Justo na fila de Verônica. Cobradora de pedágio. Cabine seis. Quando isto acontecia, com freqüência, Verônica ouvia todo o tipo de injuria. Não foi diferente naquela tarde de sexta feira. Palavrões, xingamentos, nomes feios...tudo muito habitual. Há sete anos. Desde que começou a trabalhar. Quando assinou sua carteira profissional. Não sabia fazer outra coisa.
De cabelos ruivos pouco tratados, pele sardenta, dentes perfeitos e de uma beleza muito particular, Verônica também trabalhava na cabine dois. Mas preferia a cabine seis. Estava mais acostumada com a cabine seis. De mais a mais, a cabine dois era muito tumultuada. O tráfego sempre era mais intenso lá. Por isso preferia a cabine seis.
Naquela mesma tarde chuvosa os carros iam passando lentamente no moroso processo de arrecadação do dinheiro para o uso da rodovia. Fecha a cancela, pára o carro, pega o dinheiro, entrega à moça, recebe-se o troco, apanha-se o recibo, levanta-se a cancela e quando termina, vem o próximo. Lá pelas nove da noite, o fluxo de veículos começava a diminuir. Um carro preto, daqueles de luxo, aporta na cabine seis. O condutor, um rapaz muito bem trajado, ostentava correntes de metal nobre no pescoço, pulseira reluzente no pulso.Não parecia  bijuteria. Completando a indumentária o homem usava um relógio de ouro. Dois anéis fantásticos postavam no anelar.Isto tudo foi visto depois que ele parou o carro e abriu o vidro da porta. Um aroma muito agradável espargiu de dentro do veículo. Parecia algum daqueles perfumes importados que levam três dias para sair do corpo. Verônica, que geralmente não observava a fisionomia de nenhum dos condutores, decidiu olhar pra dentro do automóvel, instigada pelo perfume. Gostou muito do que viu. Um moço muito bonito. Realmente muito bonito. Ao final do rápido atendimento, ainda ouviu algo que jamais imaginou que alguém declararia ali naquele posto de trabalho. O rapaz simplesmente dobrou o pescoço para fora do carro e antes de acelerar e partir disse:
– Muito obrigado! Boa noite! – Disse, acenando e indo embora.
Apenas um entre os milhares de motoristas atendidos naquele dia.
A chuva caiu durante todo o fim de semana. Três dias depois, na segunda-feira, o clima era outro. Um calor intenso. Um sol de rachar. A noite estava quente. Lá pelas nove, encostou um carro vermelho metálico e vidros fumês. Na cabine seis. Verônica, de saco cheio com todo o dia cansativo de trabalho, recebeu o dinheiro de forma ríspida. Entregou o recibo com certa antipatia. Não pôs sentido em quem estava atendendo. Nem olhou. Foi no fim que ouviu uma voz muito educada e vigorosa:
            – Muito obrigado! Boa noite! – Só deu tempo de Verônica observar um faceiro sorriso refletido no retrovisor. Era ele. O rapaz de outro dia. Só podia ser. Ninguém diz muito obrigado. Ainda mais duas vezes num intervalo tão curto de dias. E aquela voz lhe soou familiar. Aquilo poderia não significar nada, mas de certa forma Verônica estava fascinada por um sujeito que trafegava pela rodovia.
            No dia seguinte, portanto na terça-feira, Verônica ficou atenta, vigilante, procurando encontrar aquele que poderia ser o seu príncipe encantado. Já eram dez horas da noite e nada. O turno de Verônica se encerraria e o pintoso rapaz não apareceu. Ele de fato não cruzou aquele pedágio naquela terça-feira. Verônica então começou a achar aquilo tudo uma ilusão de sua cabeça. Paranóia. Uma pessoa desequilibrada. Doida pra arranjar um namorado. Não poderia se apaixonar por uma pessoa que nem conhece. Nem sabe quem é. Só pelo fato de ser educado e dizer: “muito obrigado! Boa noite!”? Uma vez, há algum tempo atrás, um outro rapaz lhe disse “valeu!falô!” e nem por isso se apaixonou por ele...Prometeu para si mesma que não iria mais pensar naquele rapaz.
            Foi na quinta-feira que ele reapareceu. Desta vez estava num carro branco com rodas de liga-leve. O cabelo igualmente penteado. Verônica esqueceu-se de sua promessa particular. O homem, como das outras vezes, sorriu voluptuoso. Verônica tratou de se comunicar:
                   Olá! Tudo bem? – Disse com algum acanhamento.
                    Tudo. Tudo ótimo. E com você?
                    Ah! Você sabe né! Trabalhando muito como sempre... – Foi dizendo enquanto demorava computar as moedinhas que recebera do cara. Foi aí que o motorista do carro de trás começou a buzinar e gritou alguma coisa do tipo “vão namorar em outro lugar.”
           – A propósito, como é o seu nome? – Perguntou o rapaz dando sinal de que precisava terminar a conversa.
        Verônica! Verônica!Eu trabalho sempre aqui na cabine seis!!!!!!!
O rapaz foi embora. Fez um tinindo com o polegar alegando que tinha entendido. Verônica estava arrebatada. Ficou conjeturando. Imaginou coisas extraordinárias a respeito do homem perfumado e ataviado de jóias. Devia ser rico. Muito rico. Tinha muitas jóias. Deveria ter muitas posses. Parecia ser um homem abastado. Ainda mais com todos aqueles lindos automóveis.
Na sexta-feira ele também apareceu. Quando o relógio aproximava marcar nove horas, Verônica pôs um batom na boca. Penteou os cabelos. Não se perfumou. Queria sentir a fragrância suave do galã. Na batata! Nove da noite veio chegando ele. Na cabine seis. Veio de longe, parece. Foi frenando sua caminhonete cabine dupla de cor acinzentada. Na cabine seis.
        Oi! Tudo bem Verônica?
Toda trêmula e encabulada ela disse:
        Sim! Quer dizer... não...(ops!) quer dizer, sim, eu acho! Mas ainda não sei seu nome...
O moço transfigurou-se. Aquela figura tão viril parecia ter engolido um bicho. A feição do bonachão avermelhou-se. Mas antes que a ruiva perguntasse novamente respondeu: 
- Onofre...Quer dizer...Carlos...bem....Exatamente é....Carlos Onofre...Isso....Carlos Onofre.
-          Que nome lindo você tem! -  Disse a menos encabulada Verônica.
- Pois é! Foi meu pai quem me deu. Gosto dele. Meu pai quem me chamou assim. – Agora mais abrandado.
Enquanto tudo isto acontecia, Verônica apanhava as moedas e as manuseava com um sorriso permanente.
-          Você tem carros muito bonitos. São todos seus?
- Sim. Sim. Sim. São todos meus sim. Claro que são. Muito bonitos não??! Gosto muito deles.
A conversa não pôde continuar. O supervisor de Verônica apareceu. Olhou com cara feia. Não sabia o que estava acontecendo, mas aquele sujeito demorou quase cinqüenta segundos na cabina do pedágio.
Daquele dia em diante, ele apareceu todos os dias. O Carlos Onofre. Todos na cabine seis. Conversam todos os dias um pouco. Durante os trinta segundos tolerantes de permanência nos guichês. Conversavam sobre tudo. Verônica e Carlos Onofre. Todos os dias um assunto novo. Conversavam desde a invasão norte americana no Iraque à invasão dos alienígenas nos desertos chilenos. Também ouviu o desabafo de Verônica quando seu primo de terceiro grau faleceu e não recebeu permissão da empresa para ir ao enterro. Todos os dias um carro novo. Carlos Onofre sempre falava alguma coisinha sobre o novo modelo que estava dirigindo. Carros azuis, amarelos, prateados, avermelhados...uma porção deles. Todos de sua propriedade. Verônica, cada vez mais apaixonada. Carlos Onofre cada vez mais sedutor. Poderíamos dizer que aquele era o pedágio do amor. O lugar perfeito para dois amantes.
Até que um dia, depois de passados meses, Verônica decidiu que estava na hora de saírem. É. Deveriam sair sim. Um encontro. A essa altura Verônica já tinha o numero do telefone celular de Carlos Onofre. Na hora do almoço telefonou. Era uma sexta-feira. O pedido foi inesperado. Carlos Onofre aceitou. Gostou do convite. Estava interessado. Naquela mesma noite iriam sair.
A noite chegou. Verônica levou um belo vestido para o trabalho. Iria se trocar lá mesmo. No vestiário. Aprontou-se. No horário marcado, às dez horas, depois do fim do turno de trabalho de Verônica chegou o homem. Carlos Onofre. Conduzia um maravilhoso modelo esportivo. Daqueles carros que só vemos em feiras de automotivos. Grená. Um grená forte. Verônica sentiu-se como a Cinderela. Parecia a Cinderela. Estava muita bem trajada, com seus cabelos trançados como arrebóis decaídos por sobre um gracioso vestido índigo. Sentou-se com muito cuidado no banco de couro do cupê, depois que o cavalheiro dos sonhos abriu a porta. Passaram no pedágio. Pela cabine dois. Controlada por Velma, que sorriu para a amiga no assento do carona. Parecia um sonho. O casal de pombinhos na primeira noite enamorada. Onofre fez mistério. Não disse para onde iriam. Disse apenas  que era um lugar muito bonito. Um restaurante. A noite estava muito bonita e o luar clareava a estrada. Poucos carros. Pouco movimento. Tudo perfeito. O rádio sintonizava uma rádio romântica. Que tocava uma canção romântica. Em inglês. Música americana. Muito embora eles preferissem sertanejo. Descobriram esse gosto em comum em uma das conversas na cabine seis. A viagem, de curta duração, parecia uma longínqua jornada embalada pela apaixonadiça conversa de encantamento, típicos galanteios, troca de elogios e impressionamento de quem quer seduzir outrem. Se de um lado Verônica estava toda boba, certa de que algo completamente surpreendente lhe acontecia, Carlos Onofre também não parecia menos truão. Atendia o celular várias vezes, quem sabe por ofício, mas em todas as vezes não se demorava, tratava de mandar recados de que depois retornaria, de que não podia falar, coisas assim, de quem tem coisa mais importante pra fazer ao invés de dependurar-se pelo pescoço ao ouvido.
No destino revelado, a cena não mudava. O destino, e agora me refiro a sorte, lhes pegara de jeito e parecia ter formado mais um daqueles pares românticos que decidem dali em diante partilharem coisas. Estacionou o carango super moderno sob os afáveis olhares da moça, que prestava atenção em cada detalhe. A passagem de marcha a ré, o jeito de olhar o retrovisor... ao descer a visão parecia lhe pregar uma peça. Nunca vira um lugar tão requintado, coisa de cinema. Conduzida pela mão, Verônica adentra ao restaurante. Parece não crer no íntimo que tal momento lhe ocorria. Para Onofre e todos os demais, portava-se como uma dama da nobreza   embrenhando-se em seu lugar comum. Um jantar memorável, um encontro que atingiu o mais alto grau numa escala de valores; incomparável, único, sem-par. Isto indicava muita coisa. Que a amizade poderia ser promovida a relacionamento. No quesito beleza os dois estavam bem servidos. Na amabilidade também. Trocaram o primeiro beijo. Descobriram que amavam frutos do mar. Verônica adquiriu uma porção de conhecimento sobre automóveis. Onofre ficou sabendo que as moedinhas de troco do pedágio que alegam ser doadas a instituições de caridade, na verdade são rateadas entre o supervisor e o gerente do pedágio no caixinha do mês. A mãe de Verônica faleceu num curto-circuito do ferro elétrico. Por trauma, Verônica não passa roupas. O pai de Onofre morreu a quinze anos, metralhado, confundido com um chefão do tráfico. Onofre jurou vingança. Desmentiu, em meio a sorrisos desconcertados. Demorou a convencer Verônica de que estava brincando. Nunca pegara em armas, alegou ele. Pediu desculpas por assombrar a moça. Não estragou nada. Já estavam em sintonia.
Uma convergência de fatores aproximavam-nos mais. Saíram de mãos dadas, desta vez como namorados. Carlos Onofre pagou a conta. Um manobrista se encarregou de parar o carro na entrada. Pegaram a estrada, de volta a cidade. A certa altura, Verônica recostou-se sobre o ombro de Onofre. Admirando a beleza do painel, perguntou, inocentemente:
- Onofre, este é um daqueles carros que atingem de zero a cem em dez segundos?
No que o homem respondeu:
- É sim. Vou te mostrar.
Nessa fala, deu uma pisada severa e acelerou como um supersônico, rasgando o ar, cortando o vento, dirigindo em alta periculosidade. O intuito fora o de impressionar a garota. Mas conseguiu arrancar-lhe um grito de apavoramento, uma insatisfação desaprovadora:
- O que é isso Onofre???? Não te pedi pra correr assim! Pelo amor de Deus pára esse carro que eu quero descer.
Sentindo que deu mancada com seu exibicionismo fortuito, desacelerou e tentou consertar as coisas. Tentou ser o mais lhano que pode:
- Meu bem, me desculpe não quis te aborrecer. Me desculpe.
Recuperada de seu susto, alargou o sorriso de outrora, com ternura respondeu, apoiando-se no “meu bem” pronunciado pelo companheiro ecoando até agora em seus ouvidos:
- Tudo bem meu amor. Só não faça mais isso. Tenho medo da velocidade.
Apaziguam-se os ânimos. Dali pra frente Onofre prometeu a si mesmo não dar mais gafes. Verônica fingiu que nada desagradável aconteceu. Na noite escura iluminada pela lua que não se escondia por nada neste mundo, a viagem continuava serena até que uma luz surgiu no retrovisor. Uma luz intermitente. Vermelha. Quanto mais andavam, mais a luz se aproximava. Notou-se. Tratava-se de outro carro. Os faróis desenhados abaixo o girofelx piscando em cima. Uma viatura policial. Ou poderia ser uma ambulância. Um carro de bombeiros. O pretume não revelava a identidade visual do veículo. Verônica, entretida com a conversa nem notou a perturbação disfarçada de Onofre. Também não notou que sorrateiramente o rapaz, dessa vez de leve, afundou novamente o pé no pedal de corrida. Arrancou, abriu o gás, pulou fora, vazou, escafedeu-se das vistas do carro de trás. Com o motor possante, fora tarefa fácil. Inesperadamente, ao fazer a curva, depararam-se com uma barricada, carros de policia saindo pelo ladrão. Verônica nada entendeu. Onofre gelou até a última vértebra da espinha dorsal. Freou com tudo. Parou a carruagem, cantando os pneus abruptamente. Não tentou fuga. Não tinha saída. Rapidamente fora sitiado. Não houve espaço para manobras. Verônica assustada. Onofre desatinado. Um gato no saco, um rato na ratoeira, um boi no matadouro, um peixe na rede, uma minhoca no anzol. Verônica assustada. Onofre cercado. A policia chegou. Armas em punho. Um, dois, três...uma dezena. Gritos de ordens. Mãos ao alto. Saiam do carro. Mãos a vista. Verônica desolada, atônita. Cumpriu as ordens. Ouviu Onofre dizer algo ‘calma, tudo vai ficar bem’. Um policial saiu de lá do meio dos carros trazendo duas algemas. Mãos para traz. Foram enquadrados. Verônica, sem culpa. Mas ouvira a sentença ministrada ao seu novo amor:
- Luiz Carlos Pereira da Silva. Enfim te pegamos. Você vai passar os próximos anos da sua vida de ladrão de carros na prisão. Carros de luxo agora só por figurinha.
Um tapão bem dado nas costas do meliante que foi conduzido ao camburão. Verônica, sem entender muita coisa, mas entendendo perfeitamente que estava encrencada ainda ouviu de um homem da lei:
- E você menina, devia se envergonhar de andar atrás desse mau elemento. Cúmplice de vagabundo e vagabundo pra mim é a mesma coisa.
Chorosa, adentrou. Sentou no banco de trás da viatura. Seguiram no comboio, rumo a delegacia. Onofre, cujo nome de batismo era Luiz Carlos, foi no camburão da frente. Verônica, no carro do fim da fila. A praça do pedágio apareceu no horizonte. O motorista, um policia moderno, numa puxação de saco característica dos bajuladores profissionais, dirige a palavra ao delegado sentado no banco de trás, ao lado de Verônica:
- Chefe, qual cabine eu passo? Na dois?
O chefe respondeu certeiro:
- Não, não, eu prefiro a seis. Vai na seis. A dois é muito tumultuada.

 FIM

Reflexão de hoje: As aparências enganam. Não sejamos ingênuos com questões importantes de nossas vidas.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Por onde saem as lágrimas




A boca fala.
Os ouvidos ouvem.
O nariz respira.
Os olhos vêem.
As mãos pegam.
Os canais lacrimais choram.

A verdade verdadeira desse lance das lágrimas é um pouquinho mais complexo. As lágrimas na verdade são um composto de água, sais minerais, proteinas e gorduras produzido pelas glândulas lacrimais com a finalidade de lubrificar e limpar o olho. É um complexo sistema que mantém nossos olhos saudáveis e aptos a enxergarem o tempo todo, livre de invasores biológicos. E a lágrima tem um fator importante nesse processo de manter os olhos em perfeito estado durante toda a vida. As lágrimas nunca faltam enquanto estamos vivos.

Li um dia desses um texto baseado em um estudo científico afirmando no entanto de que os fluidos produzidos para lubrificar as vistas são diferentes das lágrimas produzidas para chorar. Em tese, o "conteúdo" da lágrima é o mesmo, mas a motivação é exatamente o fator que causa a distinção entre uma coisa e outra: sua natureza.

Na minha opinião o choro é o mecanismo mais fabuloso criado por Deus ao ser humano no tocante as emoções. Acho que Deus pensou, muito bem pensado ao criar as "lágrimas".

As emoções, nascem e brotam no mais intimo de cada um de nós e seria uma agonia quase inimaginável se não pudéssemos externá-las. Imagine, sentir uma dor aguda no peito, por uma ferida, uma perda de alguém, uma derrota, uma tristeza sobre qualquer assunto entristecedor da vida e não tivessemos como extravasar este sentimento? Seria terrível. Da mesma forma, ao sentirmos uma alegria sobremaneira dentro do peito, algo que nos emocionasse em nosso último grau de emoção...como faríamos para diferenciar um sorriso corriqueiro do dia a dia  para com sorriso altamente representativo, uma explosão de felicidade se não fosse através do choro de alegria?

Chorar, além das lágrimas, é um processo. Não se trata apenas das lágrimas. Chorar é como colocar um espelho no interior do ser humano e exportá-lo para fora de nós. É um reflexo da profusão de sentimentos que eclodem em nosso coração, em nossa mente, em nossos sentidos.

Muitos não entendem assim. Talvez por isso alguém lá atrás, disse: homem que é homem não chora. De fato, é bem verdade, de que homem que vive chorando a torto e a direita é um homem que não consegue conter realmente os seus sentimentos. Talvez este tal homem que chora a todo momento esteja com sérios problemas maiores do que o problema que um choro pode resolver. Isso vale para a mulher. E também vale uma avaliação espiritual e psicológica.

Mas reprimir o choro não é lá muito inteligente, pois é um processo fundamental para expressão dos sentimentos. Quando sufocamos o choro a dor fica lá dentro, latejando, reverberando no cérebro, atacando o coração, o figado, os pulmões, e tudo quanto é sistema funcional do corpo humano.

O salmista Davi diz algo interessante no Salmo 30:5b

"O choro pode durar uma noite; pela manhã, porém, vem o cântico de júbilo."

Sem nenhuma dúvida, Deus acalenta os teus filhos nos momentos de dor. Mas Davi, muito sabiamente, também sanciona algo belo: "amigo, pode chorar durante a noite, viva o seu momento de dor, externe seus sentimos, mas saiba que a alegria vai chegar."

A sabedoria popular também criou uma sentença interessante sobre o asunto: "não há alegria que nunca acabe, nem tristeza que sempre dure."

É certo que o choro então faz parte de um ciclo natural da vida, uma ferramenta que utilizamos em situações de profunda dor ou alegria, uma expressão das mais nobres dos sentimentos humanos. Chorar é dizer a alguém: "eu te amo", "sinto sua falta", "você me faz bem", "não gostaria que você estivesse passando por isso"... ou a si mesmo "sinto esta dor", "estou machucado", "não estou aguentando esta situação"...
Para revelar o quão humano e necessário o choro é para nossas vidas, o Mestre, o Rei dos reis e Senhor dos Senhores, deixou-se registrar naquele que é dito o menor versículo da Bíblia, mas certamente a maior mensagem que nos foi deixada:

"Jesus chorou." - João 11:35

Choremos, de alegria ou tristeza, certos de que o melhor sempre estará por vir!


Em Cristo,



Bruno Ramos

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Marvin Sapp - Never Would Have Made It

Eu teria muitas coisas pra falar sobre Marvin Sapp. Quanto ao seu talento e unção da parte de Deus, são atributos proeminentes.

Marvin Saap fora um dos integrantes do The Commissioned junto a importantes nomes da música gospel americana.

Ouça e curta o trabalho desse importante músico e pastor!





Felicidade se faz com música

Olá a todos!

Enfim, resolvi de vez expor minhas escritas. Sempre quis escrever, apresentar um pouco as idéias que estão sempre enclausuradas na minha mente, sem ter como escapar. Espero que gostem de tudo o que eu carinhosamente estou apresentando ai. E, se por um caso, precisares de uma banda pra tocar no seu casamento, na sua festa, no seu evento...estamos ai, fácil falar comigo. Abraços.

Abraço a todos.

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