Dizem por ai, em multidões de posts, scraps, e em resultados de pesquisas "googlenianas" que Bob Marley é autor da seguinte frase:
"Talvez as pessoas não me decepcionam. Talvez o problema seja eu, que espero muito delas."
Se ele é autor mesmo, não sei. Mas sei que esta frase revela uma verdade muito grande. Se você fizer um exercício reflexivo de alguns minutos chegará a conclusão de que a maioria das pessoas que algum dia te desapontaram foram pessoas de sua mais alta confiança e lealdade.
Aliás, é impossível se decepcionar com alguém de que não se espera nada.
Mas cá pra nós: Será mesmo que tudo o que rotulamos de traição realmente é traição? Será que as vezes não confundimos nossa própria mágoa, nosso ressentimento, nossas frustrações com algo que esperamos ou esperávamos da parte de outra pessoa?
Existe uma linha muito tênue que separa certas lógicas sobre o que de fato é traição. São diversos fatores envolvidos na construção de algo que podemos chamar de TRAIÇÃO. Vale lembrar de que no julgamento da traição, há sempre o individuo que se denomina o traído e o que é rotulado como o traidor. E no cenário de um acontecimento rotulado de "trairagem" a opinião quase sempre que se prevalece é a do traído.
Bom, resolvi escrever sobre isso porque agora a pouco cai na mesma arapuca que começo a tentar desmontar agora: um funcionário acabou de pedir suas contas para ir embora e não trabalhar mais conosco, justamente quando a temporada de trabalho aumenta e precisamos ainda mais dos seus serviços. A primeira sentença que me veio a cabeça foi chamá-lo mentalmente de "ingrato" e "traidor". Pensei:"quando ele estava desempregado, sem serviço, sem renda, desacreditado no mercado de trabalho, fomos o único lugar que o acolheu e lhe deu trabalho. Agora, que o inverno está indo embora e o trabalho realmente começa ele vai nos deixar na mão.
Posso achar que tenho todos os motivos e razões do mundo para pensar assim.
Mas o fato é que este funcionário é um homem, um ser humano.Vive num país democrático de leis trabalhistas vigentes, e é livre para seguir pra onde quiser. Afinal, enquanto esteve aqui conosco, recebeu seu salário mas trabalhou. Ninguém fez favor a ninguém. Ele serviu a este patrão a este negócio enquanto mantivemos o combinado legal de lhe assalariar em troca dos seus serviços. É verdade, que lhe ensinamos muito e agora ele vai embora levando toda uma bagagem de conhecimento adquirido que aprendeu nesta empresa. Mas nós não o ensinamos porque fomos bonzinhos ou filantropos! Nós o ENSINAMOS e o CAPACITAMOS porque a nós nos convinha que ele aprendesse a execução do serviço. O ensinamos para que ele nos atendesse melhor.
Querer ir embora não o torna um traidor.
Querer ir embora não o torna um traidor.
Portanto, ele pediu para ir embora e tem o direito de ir. Como ele ainda servia pra nós, ficamos nos sentindo traídos! Mas ai que vem o contraponto! Se por outro lado, este mesmo funcionário não estivesse atendendo as nossas necessidades laborais, quem o mandaria embora seríamos nós!! Nós eé que meteríamos o "pé-na-bunda", dando-lhe o direito de construir em sua mente de que nós que seríamos os ingratos e traidores por abandoná-lo ao léu, desempregado, como diz a música: "caminhando contra o vento sem lenço e sem documento!"
A verdade é que caminhando nesta vida, hora ou outra, fatalmente vamos decepcionar alguém. Vamos nos decepcionar com as pessoas também. As vezes, os interesses não convergem. O modo de pensar, a maneira de agir, a maneira de entender as coisas...
No meio cristão estamos vivendo uma avalanche atualmente de pessoas que estão se decepcionando com igrejas, com pastores, com lideres...algumas, machucadas, saem de igrejas e vão para outras, carregando no coração certas mágoas, cicatrizes, deixando mágoas e cicatrizes igualmente de onde partiram. Outras pessoas, magoadas e feridas abandonam os apriscos e vão para o mundão afora, para longe do aprisco, para longe da presença de Deus, por conta de traições e ingratidões que acharam que sofreram.
Mas a verdade é que quando paramos, a luz da Biblia, refletimos e nos convencemos de que o tema principal da pregação de Jesus Cristo é o amor, então rompemos com este sentimento rude de inflamarmos nossos frágeis "egos" nos tornamos compassivos, longânimos e benignos como Jesus Cristo nos ensinou que fôssemos. Seremos mais tolerantes com a fraqueza do próximo, teremos mais coragem de pedir perdão e de perdoar, compreenderemos que a falha do outro é tão latente quanto as nossas e por fim, vamos viver em paz e viver melhor.
Não é atoa que Paulo diz:
"O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." - 1 Coríntios 13:4-7
"O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." - 1 Coríntios 13:4-7
E o escritor aos Hebreus nos lembra:
"Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei.E assim com confiança ousemos dizer: O Senhor é o meu ajudador, e não temerei O que me possa fazer o homem." - Hebreus 13:5-6
Por Bruno Ramos