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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

O dia que Zaqueu subiu na árvore


Nos anos de 2008 e 2009 um grande 'hit' despontava nas paradas de sucesso gospel: a balada "Faz um milagre em mim", música do até então pouco conhecido cantor Régis Danese, que acabou elevando a música gospel a um novo patamar de prestígio, já que sua música quebrou a barreira do contexto considerado "secular" e passou a ser executada em rádios de grande audiência que não veiculavam conteúdo exclusivamente evangélico. Então, estava lá, em meio a 'Extravasa' de Cláudia Leite e 'Meteoro' de Luan Santana, num bloco sim e outro não, um espaçosinho dedicado a rolar um 'como Zaqueu, eu quero subir...' esse momento, soava meio parecido com as badaladas das seis da tarde, em que muitas rádios interrompem sua programação para tocar a música sacra "Ave Maria". Um momento pra ser chamado "separado", com a pretensão de se aproximar de Deus, mesmo que a música da sequência seja "Paga Pau" de Fernando & Sorocaba, ai, tudo voltava ao normal na programação radiofônica.

Não vou entrar no mérito mercadológico da coisa. Se Régis Danese ficou rico e famoso as custas de Zaqueu é assunto pra outra conversa.

A letra de fato é muito bonita. Uma poesia bem tramada, bem cantada e traz uma mensagem de ternura. Sim, ternura, pois revela a carência de muita gente na hora do aperto. Quantas donas de casa não ariavam suas panelas amarguradas, tristes da vida, talvez com o marido infiel, um filho envolvido com drogas, um dinheiro faltando pra pagar uma conta...e de repente, no rádio, a voz aveludada de Danese começava a cantar a agonia de uma vida sofrida carente e carecida de Deus?

"Entra na minha casa, entra na minha vida, mexe com minhas estruturas, sara todas as feridas, me ensina a ter santidade, quero amar somente a ti, pois o Senhor é o meu bem maior, faz um milagre em mim..."

É uma mensagem inspiradora, poetizando um acontecimento fabuloso que demonstra como a mensagem de Jesus Cristo é capaz de transformar vidas.

Zaqueu era um homem influente, poderoso e rico. Influente porque era publicano, poderoso porque era chefe de todos os publicanos e rico em consequência das duas coisas. A Bíblia não relata a idade daquele homem, mas a sua própria condição e posição social, fatalmente nos credencia a dizer que Zaqueu se tratava de um homem de meia idade que já havia conquistado muita coisa, tanto por seus méritos, outro tanto maior ainda por suas rapinas, extorsões e gatunagens com o dinheiro de gente sofrida. Logo, podemos dizer que Zaqueu era um homem cruel, sem piedade, mal e ganancioso. Por isso, Zaqueu era considerado 'persona non grata' no meio do povo. Gente ruim. Um rico malvado e pecador.

É correto dizermos então que o povo não gostava de Zaqueu e tinha repúdio daquele 'baixinho' perverso. Um homem tão ruim como aquele não mereceria receber a salvação. Ninguém do povo, (dos grandões, sabe-se lá) aceitaria sentar do lado daquele inescrupuloso homem num banco de sinagoga. Era difícil pra todos aceitar um homem daquele como um convertido a Jesus.

Mas naquele dia, algo estava destinado a mudar. Na vida de Zaqueu, e na vida de outras pessoas também. Isso porque Zaqueu recebeu a mensagem de Jesus. E então Jesus entrou na sua casa, entrou na sua vida, e mexeu também com suas estruturas...acredito que poeticamente podemos dizer que aqueles anos todos de roubalheira criminosa seriam suas feridas que também foram curadas.

Até ai, a música de Danese relata muito bem a fase do milagre. Mas o versículo 8 do capítulo 19 de Lucas relata a consequência desse milagre acontecido com Zaqueu.

A transformação e o impacto de Jesus na vida de Zaqueu foi tão grande, que ele resolveu demonstrar pra Jesus, pra si mesmo e para os outros o tamanho da sua mudança. Ele disse:

"E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado." - Lucas 19:8

É ai que está a diferença! Quando Jesus transforma, Ele transforma por completo. Zaqueu provavelmente (certamente) sentiu uma vergonha horrorosa de seu passado de safadeza e fraudulência. Se sentiu incomodado em se debruçar sobre tão grande fortuna, lembrando-se de crianças chorando enquanto cavaleiros surravam seus pais a troco de qualquer coisa que valesse dinheiro. Ele deve ter se sentido enojado de tanta bandalheira que fez: tantas reuniões macabras em que ajuntava seus coletores de impostos e bolava as estratégias mais profícuas de arrancar dinheiro de quem estivesse devendo seus tributos. Quantas penhoras horrendas, quantas até, quem sabe, mortes, ocorridas nos embates da cobrança.

Zaqueu sentiu uma necessidade desesperadora de se desfazer das provas dos seus crimes. Uma necessidade louca de romper com sua vida de fraude. Talvez, Zaqueu estava ali sentindo-se "pego" com a mão na massa. Se envergonhou perante Jesus, talvez da mesma forma que Adão se sentiu nu na presença de Deus.

A conversão nos deixa nu. Nos despe. Nos incomoda. Desejamos com todas nossas forças abandonarmos o pecado, abandonarmos todo e qualquer embaraço que nos separa da santidade, que nos afasta de Deus.

Não obstante, Jesus deu uma resposta enfática, desproblematizada acerca da decisão de Zaqueu:

"E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão.
Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido." - Lucas 19:9-10


A recompensa que Jesus ofereceu não foi uma "lavagem de dinheiro"...Jesus podia tocar em toda aquela grana e bradar pra quem quisesse ouvir: "Zaqueu, Zaqueu, santificado está todas as suas posses. Agora você pode desfrutar de todo esse dinheiro santificado em minha presença."

Jesus ofereceu a salvação. A um novo coração, agora, purificado, santificado e transformado.

A mensagem de Jesus sempre foi a salvação. Ele sempre falou das coisas do céu, das coisas que são do Alto.

Cantar e pregar a subida de Zaqueu naquela árvore sem relatar as consequências sofridas é o mesmo que contar a história pela metade.

Não se sabe ainda, talvez algum dia eu pergunte ao próprio Zaqueu lá no céu, quais as consequências que ele enfrentou depois daquele dia...será que a cambada de publicanos corruptos que estavam abaixo dele ficaram satisfeitos com a conversão de Zaqueu? Que contas Zaqueu prestou para a sociedade, pra sua esposa, pra seu superior? Que papo era aquele de distribuir grana para os outros?

De certo, Zaqueu viveu mais feliz. Seguir a Jesus faz isso com a gente. Nos dá a certeza do porvir. Mas todos nós - que resolvemos o mesmo que Zaqueu - sabemos a dureza que é essa vida de seguidor de Jesus, que, aliás, o próprio Jesus nos avisou que seria de aflições.

Não deixe o testemunho de Zaqueu ser apenas uma cantoria bonitinha em sua vida. Crie coragem e esparrame seu dinheiro aos pobres como ele fez. Nesse caso, abandone o passado do pecado, livre-se das "provas", receba de fato uma nova vida. Clamar um milagre pra Jesus e não tomar uma decisão definitiva rumo a salvação, não resolve.

sábado, 18 de janeiro de 2014

A política do 'ungidão'




Você certamente já ouviu alguém dizer "NÃO TOQUES NO UNGIDO DO SENHOR!" e suas outras variações "COM O UNGIDO DO SENHOR SÓ O SENHOR TRATA!" e ainda "AI DAQUELE QUE TOCAR NO UNGIDO!" e por ai vai...


Esse termo, "UNGIDO DO SENHOR", é realmente bíblico e destinado a reis de Israel, que eram empossados com a unção de óleo por um profeta ou juiz.


A expressão "ungido do Senhor" é usada em algumas passagens bíblicas (Sl 105.15, 1 Cr 16.21-22). Nas duas passagens (leia na biblia) é curioso notar que Deus MENCIONA "os meus ungidos" e "meus profetas", ou seja, numa denotação clara de que está identificando duas classes diferentes: os UNGIDOS (o rei ou alguma outra autoridade) e os PROFETAS (homens de íntima relação com Deus, que traziam as mensagens divinas ao povo).

Hoje, no entanto o termo "não toqueis no ungido do Senhor" e suas variações, é muito utilizado para defender a posição de pastores e demais líderes religiosos no tocante a suas atitudes.

Para isso, gostam de largamente utilizar a seguinte passagem bíblica (leia com atenção):

"Então os homens de Davi lhe disseram: Eis aqui o dia, do qual o Senhor te diz: Eis que te dou o teu inimigo nas tuas mãos, e far-lhe-ás como te parecer bem aos teus olhos. E levantou-se Davi, e mansamente cortou a orla do manto de Saul.
Sucedeu, porém, que depois o coração doeu a Davi, por ter cortado a orla do manto de Saul.
E disse aos seus homens: O SENHOR me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, ao ungido do SENHOR, estendendo eu a minha mão contra ele; pois é o ungido do SENHOR.
E com estas palavras Davi conteve os seus homens, e não lhes permitiu que se levantassem contra Saul; e Saul se levantou da caverna, e prosseguiu o seu caminho." - 1 Samuel 24:4-7


Quem defende a posição do 'ungidão' gosta de dizer que Davi não matou Saul porque Saul era "O Ungido." Mas na verdade, quem conhece todo o contexto entende realmente porque Davi não fez isso: SIMPLES: Além de Davi temer ao Senhor, Davi não precisava matar Saul!!!! Naquela ocasião, o UNGIDO A REI não era mais SAUL e sim DAVI!! Nas regiões celestiais DEUS JÁ HAVIA RETIRADO A UNÇÃO DE SAUL E DAVI JÁ TINHA SIDO UNGIDO REI POR SAMUEL!!

"Então disse o SENHOR a Samuel: Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche um chifre de azeite, e vem, enviar-te-ei a Jessé o belemita; porque dentre os seus filhos me tenho provido de um rei."
1 Samuel 16:1


"Disse mais Samuel a Jessé: Acabaram-se os moços? E disse: Ainda falta o menor, que está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda chamá-lo, porquanto não nos assentaremos até que ele venha aqui.
Então mandou chamá-lo e fê-lo entrar (e era ruivo e formoso de semblante e de boa presença); e disse o Senhor: Levanta-te, e unge-o, porque é este mesmo.
Então Samuel tomou o chifre do azeite, e ungiu-o no meio de seus irmãos; e desde aquele dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou de Davi; então Samuel se levantou, e voltou a Ramá.
E o Espírito do Senhor se retirou de Saul, e atormentava-o um espírito mau da parte do Senhor." - 1 Samuel 16:11-14


Logo (presta atenção no raciocínio) se Davi já era UNGIDO REI, matar Saul só lhe causaria problemas, porque o povo que estava com ELE (por ter matado o gigante, o povo já gritava que Davi era maior do que Saul 1Sm 18:7 etc) se voltariam contra Davi: como o povo poderia confiar em um homem que matou o REI para assumir o poder?? Davi foi muito sábio, porque ao não matar Saul na frente dos seus homens ele estava fazendo duas coisas:

- Primeiro: resguardando a legitimidade do trono, que seria dele.
- Segundo: evitando que a sua atitude de matar o REI service de mau exemplo para que no futuro outros atentassem contra o seu reinado.


Nas regiões celestias, DAVI JÁ ERA O REI, Saul apenas estava ocupando o trono (e perseguindo Davi, porque sabia disso). Então o que Davi devia fazer era apenas esperar o tempo de Deus se cumprir, pois as coisas aconteceriam naturalmente. 

Alguns líderes, como Silas Malafaia por exemplo, vociferam ao povo, uma OBEDIÊNCIA quase doentia a líderes, mesmo que os líderes estejam agindo erroneamente e se distanciado da Palavra. 

Na verdade sob a tutela do "com o ungido só Deus trata" muitos líderes querem encobrir suas falhas, QUEREM CALAR O POVO QUE DESCOBREM SUAS FALCATRUAS...usar esse artifício é um método que os ajudam a controlar o povo, intimidando todos os que podem pensar diferente, evitando que a eles se deem satisfações.

Isso é anti-bíblico e não vem de Deus.

Amado irmão, vivemos no tempo da graça, e Jesus Cristo se fez ungido por nós e nos ofereceu a salvação. Cada um de nós a partir de então, aceitamos a Jesus Cristo com o salvador e o Espirito que Habita em nós nos capacita para fazermos sua obra. Ele nos dá dons:

"Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.
E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.
E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.
Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.
Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;
E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas.
Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer."
1 Coríntios 12:4-11


Na verdade devemos honrar aos pastores e líderes que estão sobre nós...eles exercem uma função de Deus, honrada e digna:

"Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil." - Hebreus 13:17

Mas isso não significa uma ANULAÇÃO de nossa capacidade de estudar a palavra, de se posicionar e até de orientar pessoas que como nós, estão sujeitas as mesmas paixões de qualquer ser humano.

Inventar defesas como essa 'ungidão' e querer subjugar os outros e vai de encontro a tudo aquilo que Jesus deixou como mandamento que é o SERVIR, O DAR, O DOAR...

O respeito aos líderes é algo natural e não precisa ser defendido como tese dentro de igreja nenhuma. Basta apenas o líder se manter debaixo da visão de Deus, cumprindo o seu chamado.

Em Cristo,

Bruno Ramos

Felicidade se faz com música

Olá a todos!

Enfim, resolvi de vez expor minhas escritas. Sempre quis escrever, apresentar um pouco as idéias que estão sempre enclausuradas na minha mente, sem ter como escapar. Espero que gostem de tudo o que eu carinhosamente estou apresentando ai. E, se por um caso, precisares de uma banda pra tocar no seu casamento, na sua festa, no seu evento...estamos ai, fácil falar comigo. Abraços.

Abraço a todos.

brunodearamos@gmail.com
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