Eu queria escrever algo sobre a Páscoa no sentido espiritual hoje e já tinha até pensado em um título diferente: "Eu sou a ressurreição e a vida" após ler João 11:25:
"Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; "
Vou falar sim da ressurreição de Cristo, mas não sem antes refletir algo com vocês.
Vem cá, como é que o símbolo da lembrança da ressurreição de Cristo se transformou em ovo de chocolate?
Não é de hoje que fico "cabreiro" com isso. Não sei se é o diabo ou se é o homem mesmo, mas a capacidade que o ser humano tem de distorcer o que é sagrado em profano é algo impressionante!
Muito pouca gente sabe na verdade de onde surgiu o tal do papai Noel no meio do natal, não se sabe explicar sobre coelhos que botam ovos de chocolates, árvores de natal, panetones, peixes, castanhas do pará etc e etc e tal. Se buscarmos nos estudos históricos as respostas das origens desses rituais, vamos mesmo é ficar boquiabertos com tanta coisa macabra incorporada ao cristianismo reproduzidas das práticas pagãs.
Tem o dedo de muita adoração a ídolos nesses ritos todos. Lógico, se você procurar alguma explicação racional, plausível sempre vai surgir uma que faz "mais ou menos" sentido. No caso do ovo de páscoa por exemplo, um religioso vai te afirmar que o ovo é um símbolo de nascimento e coisa e tal...mas a verdade toda desse lance de ovo é que, antes mesmo de Cristo ovos eram cozidos e comidos durante os festivais pagãos do antigo Egito, Pérsia, Grécia e Roma. Coloridos, eram presenteados para celebrar a chegada da florida primavera, depois do inverno branco no Hemisfério Norte. Estas culturas tinham o ovo como emblema do universo, a palavra da suprema divindade, o princípio da vida. Os sacerdotes druidas escolheram o ovo como símbolo de sua seita.
Vamos parar por ai, porque afinal de contas, não sou historiador e se eu for ter que buscar fontes fiéis para alicerçarem todas essas afirmativas ai, vai me dar um trabalhão, e o pior, vamos fugir completamente do foco que estamos refletindo neste texto.
O que quero refletir mesmo é que desde longa data, temos sido conduzidos pela força da religião, ou da força do mundo capitalista (não sei qual dos dois primeiro ou depois) a distorcermos completamente o sentido espiritual da verdade que cremos.
Se você tem uma tv a cabo com canal infantil e uma criança em casa com plenos poderes para assisti-la, saiba que neste exato momento sua criança está sendo treinada mentalmente a entender que a páscoa é ovo de páscoa, chocolate, coelho, presente e brinquedo. Mentiras são plantadas na mente de nossas crianças, não de agora, mas de algum tempo já, tanto, que nossa sociedade, os adultos de hoje, pouco sabem sobre a verdadeira Páscoa: a que deveria trazer a memória sobre a principal vitória de todo aquele que crê em Cristo: a ressurreição dentre os mortos, o túmulo de Jesus vazio, a soberania de nosso Salvador sobre a morte, ou mesmo da Pessach dos judeus, a festa em celebração a fuga dada por Deus da escravidão no Egito.
O problema disso é o distanciamento da verdade, a terrível distância que se abre entre os verdadeiros valores e as fábulas mentirosas. Por conta desse mal costume milenar, as pessoas estão se distanciando de Deus. Lucram os patrões, os donos de fábrica de chocolate, o mundo capitalista, e perde a fé.
Por essa "troca" da verdade pela mentira, milhões e milhões de indivíduos estão hoje "perdidões" neste mundo, afastados de Deus, descrentes e mortos na fé: porque deixaram de refletir no poder da ressurreição de Cristo para se empanturrarem de ovos de chocolate, para curtirem mais um feriado de pernas pro ar.
Tradições pagãs estão sempre pegando carona no simbolismo cristão. Confundindo o povo, conduzindo pra um "jeito mais suave", "facilitando as coisas". Na verdade, parecem muito com a condução da serpente sobre Eva lá no Jardim não acham? Rapidamente a serpente "quebrou" os argumentos de Eva, dizendo tudo o que ela queria ouvir, e lá foi o homem obedecendo a um falso argumento.
Na verdade, na verdade, estas "festas oficiais cristãs" apresentadas no calendário católico pouco ou nada representam a real essência do cristianismo. Essa "não representatividade" não está somente relacionada a toda essa influência secular, mas sim porque nossa fé não está embasada em ritos, e sim em conduta de vida, em relacionamento com Deus, em atitudes e ações que demonstram para o mundo de que temos as características de quem seguimos. Não adianta celebrar a páscoa se não entendemos e aceitamos a ressurreição daquele a quem Deus enviou.
O caráter transformado é a principal característica de quem já morreu e nasceu de novo em Cristo Jesus. O amor, a piedade, a compaixão, a solidariedade, a temperança, a benignidade, a correção, o testemunho são os elementos principais desse caráter.
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Jesus estava em Jerusalém quando recebeu a notícia de que em Betânia Lázaro, seu íntimo amigo, estava a beira da morte. Quatro dias depois da morte de Lázaro, para lá partiu Jesus a fim de ressuscitá-lo. A bíblia relata este diálogo nesta ocasião:
Depois disse aos seus discípulos: "Vamos voltar para a Judéia".
Estes disseram: "Mestre, há pouco os judeus tentaram apedrejar-te e assim mesmo vais voltar para lá? "
Jesus respondeu: "O dia não tem doze horas? Quem anda de dia não tropeça, pois vê a luz deste mundo.
Quando anda de noite, tropeça, pois nele não há luz".
Depois de dizer isso, prosseguiu dizendo-lhes: "Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou até lá para acordá-lo".
Seus discípulos responderam: "Senhor, se ele dorme, vai melhorar". Jesus tinha falado de sua morte, mas os seus discípulos pensaram que ele estava falando simplesmente do sono.
Então lhes disse claramente: "Lázaro morreu, e para o bem de vocês estou contente por não ter estado lá, para que vocês creiam. Mas, vamos até ele".
Então Tomé, chamado Dídimo, disse aos outros discípulos: "Vamos também para morrermos com ele".
João 11:7-16
Ao ler esta passagem, me emociono com esta fala talvez despercebida de Tomé: "Vamos também para morrermos com ele." - Não vou tecer comentários sobre o óbvio, deixo a seu gosto interpretar e refletir sobre essa fala de Dídimo.
Eu aqui chego a minha própria conclusão: Discípulo verdadeiro morre com Cristo para também ressuscitar com ele.
E, partindo ela, anunciou-o àqueles que tinham estado com ele, os quais estavam tristes, e chorando.
E, ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram.
E depois manifestou-se de outra forma a dois deles, que iam de caminho para o campo.
E, indo estes, anunciaram-no aos outros, mas nem ainda estes creram.
Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados à mesa, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado.
E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.
Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.
E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas;
Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão.
Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus.
E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém.
Marcos 16:9-20