Dessa vez me vesti de turista, mochila nas costas, garrafinha de água na mão e parti com Suzana pelo Rio de Janeiro. Lá na cidade maravilhosa, na terra da baia de Guanabara, na orla que representa o Brasil nos filmes estrangeiros, no destino preferido dos gringos quando querem conhecer terras tropicais: o "Ruiou diê Jianeirouoo"
Fomos lá eu e minha esposa passar um fim de semana, na qualidade de turista mesmo, sem compromissos prévios, sem ter que olhar pro relógio. Como de praxe para um turista, não deixei de pisar pela primeira vez em trinta anos as areias da praia de Copacabana, e, cá pra nós, demos uma baita sorte por pegar um dia muito ensolarado e um clima agradabilíssimo.
Realmente devo concordar que o Rio é mesmo uma cidade encantadora. Tem um clima diferente por lá e isso se percebe pelo jeito despojado dos cariocas viverem a vida. Não foi a primeira vez que estive na cidade, mas certamente a primeira que pude observar mais atentamente estes detalhes da atmosfera carioca. Uma cidade cosmopolita onde você tropeça a todo o tempo com gente de todas as raças, nacionalidades e credos.
Como a viagem foi curta de apenas um fim de semana, não fizemos tudo o que gostaríamos de fazer, mas procuramos aproveitar bem nosso tempo, o que de fato aconteceu.
No domingo pela manhã então, fizemos o passeio elementar da viagem: visitar o Cristo Redentor. No dia anterior um taxista nos orientou a acordamos cedo, - lá por volta das sete ou oito - e partirmos para o monumento. A recomendação se deve ao fato de o passeio ser muito perseguido por turistas instalados e turistas de passagem, os passageiros de cruzeiros marítimos que a toda hora desembarcam no porto e perseguem vorazmente todos os pontos turísticos possíveis para levarem em bora suas fotos e filmagens.
Eu imaginei que teria muita gente no Cristo. Mas não tanto.
Tinha muita gente. Muita gente. Muitas cores de gente diferente. Muitas línguas enroladas. Ao ponto de que se Pedro estivesse por lá poderia imaginar um novo dia de pentecostes.
E imaginando assim, me veio esta reflexão que quero compartilhar com vocês.
Chegando ao posto de compra dos tickets para subir até o Cristo (depois de subir de van o principal trecho da viagem), desembarco e observo aquela multidão de gente esparramada naquele morro cercado de mata atlântica. Um calorão, um empurra-empurra de gente, um abafamento climático, sol na cabeça, gente branca com a cara vermelha suada, gente preta se abanando com qualquer coisa na mão, e uma multidão enfrentado filas de uma hora pra comprar ingresso e para aguardar as lotações levarem até a subida final rumo a estátua. Fiquei ali também, agoniado com o passar do tempo e com o alvoroço da aglomeração. Foi nesse instante que me veio a mente: Todos querem o Cristo.
Meus pensamentos então voltam a dois mil e tantos anos atrás e traço um paralelo ao Cristo real, vivo, o Verbo que se fez carne. Começo a imaginar qual deve ter sido o alvoroço da multidão por onde Jesus passava. Todos queriam estar próximo a nova sensação da Judéia. A celebridade, o curandeiro, o profeta, o rabi, o homem que estava mexendo com as estruturas dos judeus.
Olhando para aquelas pessoas afoitas por verem uma estátua com nome de Cristo, consigo imaginar o frisson nos tempos de Jesus. E cá entre nós, quer por um Cristo verdadeiro quer por um Cristo mentiroso, as pessoas continuam, dois mil anos depois, em polvorosa por causa de Cristo.
Eu não estava ali pela representação religiosa daquela imagem. Estava sim pelo simbolismo turístico que aquele ponto de visitação representa. E acredito que muitos ali estavam assim como eu.
No entanto, não me passou despercebido exatamente este fato: de compreender nitidamente a forma de encarar a fé. Para mim aquela imagem de Cristo não representa nada em relação a minha fé, em relação a convicção de que tenho em crer no verdadeiro Cristo, no ressurreto, no verdadeiro redentor de nossas almas, naquele que está a destra de Deus Pai. E por isso, fiz uma pequena oração mental, agradecendo a Deus por ter se revelado a mim, a minha esposa, a minha familia, por ser um Deus real que está nos céus contemplando minhas necessidades, minhas aflições e ansiedades. Um Cristo que venceu a morte e está nos céus preparando lugar pra mim, para me receber na eternidade.
Não pude estar ali e me sentir indiferente a isto tudo.
Por outro lado, vi pessoas que ali estavam e sequer conseguiam meditar em tal dimensão. Estavam sim, atrás do Cristo simbólico, da estátua eternizada de braços abertos, queriam estar perto de uma das sete maravilhas do mundo moderno. Mas sei que muitos totalmente distantes do verdadeiro milagre que o verdadeiro Cristo é capaz de realizar: transformar vidas, implementar o amor, instaurar a convicção da salvação, o gozo, a paz e a felicidade verdadeira que só ele tem.
Entendo a real diferença entre o "seguidor de Cristo" e o "discípulo de Cristo". A popularidade do Cristo que transcendeu Israel chegou até nós, rompeu fronteiras, quebrou barreiras, atraiu multidões para ouvirem seus sermões, encantou milhões, curou outros tantos...mas na hora do "vamos ver" na hora de dizer: "sim eu quero pagar o preço, eu quero seguir o verdadeiro Cristo", muitos querem apenas "tirar suas fotos e seguir suas vidas."
Sou feliz por não estar enganado quanto a quem realmente sirvo, não me iludo, não me embaraço. Cada uma dessas pequenas experiências de vida me fazem realmente compreender que eu sei em quem tenho crido!
"O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos;
Aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória;"
Colossenses 1:26-27
Muito bem comparado!...eu diria que não é bom estar observando,ao lado do Caminho...e sim,nEle!...
ResponderExcluirA estatua faz parte das 7 maravilhas..do ídolo construído por mãos...um Cristo simbólico!
Ser díscípulo é diferente!
Parabéns pela postagem!!!!