Estive pensando muito sobre o que é capaz de agradar a Deus.
Você já se fez esta pergunta?
Estive meditando acerca disso. Vamos a igreja todos os domingos, somos assíduos nos cultos, integramos algum ministério, grupo, departamento, enfim, estamos sempre trabalhando na igreja...ouvimos pregações maravilhosas, empolgantes, estimulantes, voltamos para casa "renovados", nos enchemos de esperança, de alegria, de convicção...cantamos canções, cantarolamos as músicas de nossos cantores evangélicos favoritos...choramos, levantamos as mãos e até oramos...fazemos campanhas, correntes, propósitos, jejuns e vigilias...
Não sei o quanto disso é capaz de comover o coração de Deus. De verdade, sei que Deus nos quer próximos a Ele, sei que cada uma das ações citadas acima tem seu valor e devemos mesmo exercer nossa militância nas causas do evangelho.
Mas eu estava sentado em um banco de praça e observava um pai supervisionando seus filhos brincando na areia. Quando percebo que o filho pequeno caiu no chão enquanto brincava e o filho mais velho correu para levantá-lo e o pai mais ao longe vai em direção ao acidente e observa, quando entende que está tudo sob controle, seu filho mais velho limpando a sujeira dos joelhos do pequeno irmão. Ele disse: "cuidado pra não se machucar" enquanto suas mãos pequeninas limpavam os quase imperceptíveis arranhões do irmão. O pai observando tudo, abre um sorriso satisfeito e instantes depois os abraça, os pega no colo e depois de um beijo os leva para o carrinho de pipocas.
Percebi tudo.
Deus nos ama quando amamos, quando manifestamos isso. A recompensa maior que Deus espera de nós é quando conseguimos emanar o amor pelo próximo na mesma sintonia que Ele emana o amor dele. Com o mesmo desapego, com a mesma intensidade. Quando queremos cuidar, quando queremos o bem, quando somos capazes de, se necessário, perdemos para outro ganhar.
“Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Darei a eles um só pensamento e uma só conduta, para que me temam durante toda a sua vida, para o seu próprio bem e o dos seus filhos e descendentes. Farei com eles uma aliança permanente: Jamais deixarei de fazer o bem a eles, e farei com que me temam de coração, para que jamais se desviem de mim. Terei alegria em fazer-lhes o bem…” Jeremias 32. 38-41.
A comunhão tem sido um tema esquecido entre nós. Mais do que um tema, uma prática abolida em muitas igrejas. Estamos petrificados, com o coração cheio de vaidades, cheio de vitórias para conquistar, promessas para se cumprirem, milagres para chegarem, e o próximo, o nosso irmão querido sentado no banco durante todo o culto só tem servido mesmo pra você dar as mãos em algum momento da celebração ou para servir de interlocutor quando alguém lá do púlpito manda repetir perguntas e frases de efeito. Acaba-se o culto, apagam-se as luzes, fecham-se as tramelas das portas e todos continuam suas vidas de indiferença, desunião e desamor.
Você pode me dizer: "não Bruno, lá na minha igreja a juventude é unida, os irmãos são unidos, saímos depois do culto e vamos todos juntos para uma pizzaria. Somos muito unidos." - Amém por isso! Aliás, sei perfeitamente que ainda existe amor, ainda existe gente séria, ainda existe compaixão, porque se não fosse assim acho que Deus já teria destruído tudo.
Mas amar quem nos ama é fácil, já dizia Jesus de Nazaré. Amar quem "racha" a conta da pizzaria é tranquilo! É um amor fácil de amar.
Um irmão de igreja, mais "humilde" e mais "pobrezinho" do que os demais, saiu com alguns líderes da igreja para uma celebração de pizzaria. Chegando lá, estacionou seu carro mais "humilde" do que o dos outros e se juntou a mesa com os irmãos da igreja. De repente, ouvem um estrondo na rua , saem pra fora e veem que o carro do irmão humilde foi avariado: algum motorista bateu no carro estacionado do irmão, fugiu, e deixou o prejuízo para trás. Na hora, todos se comoveram e abraçaram a causa do irmão: "Irmão, vamos ajudar a consertar seu carro. Pode levá-lo para a oficina, vamos nos unir e arcar com isso." O irmão assim o fez. Uma semana depois, os irmãos da pizzaria se fizeram de desentendidos e esqueceram da promessa que foi feita no mais alto estilo: "irmão, esse problema é seu, se vira, não temos nada com isso."
E assim temos vivido, num sistema altamente frágil em relação a comunhão. O lugar do amor tem sido preenchido pela necessidade de acumular e ver atendido todos os nossos interesses: emocionais, sentimentais, materiais...
Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio: que nos amemos uns aos outros.
Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama a seu irmão permanece na morte.
1 João 3:14
Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos.
1 João 3:16Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus?
Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade.
1 João 3:17-18
Mais do que nossa devoção, nossa busca pessoal por nossas conquista, movemos o coração de Deus, quando amamos nosso próximo, mesmo que isto nos custe algo. A essência do evangelho é isto e reside nisto. Não amemos por palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade.
Essas pequenas coisas certamente movem o coração de Deus.