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sexta-feira, 4 de maio de 2012

E agora José?

"E agora José?" - Caso I

José era um moço sonhador. Filho até então caçula dentre onze irmãos (depois veio mais um) de Jacó e Raquel, (sendo ele o décimo primeiro filho de Jacó e primeiro de Raquel) era o que podemos chamar de o preferido do papai e o queridinho da mamãe.

Quando digo que era "sonhador" não me utilizo de força de expressão, insinuando que fosse um criador de fábulas ou devaneios. Ele era um jovem que recebera um dom muito especial da parte de Deus: recebia revelações em forma de sonhos.

Por ser o predileto dos pais, inteligente, bem tratado e por possuir nitidamente qualidades diferenciadas quanto a educação e bons modos, despertou o ciúme dos irmãos que mergulhados na inveja e loucura armaram um plano contra José: venderam o irmão como escravo ao Egito.

Daí pra frente, muitas coisas boas e ruins aconteceram a José. Ruim, de cara, vem o fato de ter se tornado escravo. Lamentável. Boa, foi a sorte de ter sido comprado por Potifar, um capitão do Rei do Egito muito respeitado, boa gente, que, ao invés de tratar José como escravo, percebeu nele suas qualidades cativantes e a unção da parte de Deus sobre ele e logo o pôs como homem de confiança, e mais: entregou-lhe a governança de sua casa e de tudo o que tinha.

Estando na administração da casa do capitão da guarda egípcia, Potifar, um homem de guerra, que vivia fora a treinar exércitos e guerrear guerras, tomava conta de todas as posses e propriedades pertencentes ao seu senhor. Nessa posição convivia cotidianamente com alguém em especial: a esposa de Potifar. Vejam só que situação: José um homem jovem, inteligente, amável, bonito, numa posição de destaque convivendo em uma casa onde perambulava meio sem ter o que fazer uma mulher, esposa de um marido - ao que tudo indica - ausente, utilizando todo o seu tempo ocioso pensando bobagens. Bobagens sérias, do tipo adultério mesmo. E José se tornou o alvo de suas investidas.

Pelo o que relata a Bíblia, muitos foram os ataques sedutores por parte da esposa infiel do oficial de Faraó. Ela "mandava na lata": "deita-te comigo". José por fidelidade a Deus e respeito a seu senhor sempre escapava. A coisa ia ficando cada vez mais apertada para José que por fim entra numa enrascada.

Um certo dia, cansada de ser ignorado por José, e ter seus desejos carnais frustrados, a esposa de Potifar "resolve partir pra cima". Aproveitou um momento a sós com José e o agarrou na tentativa de forçá-lo a se deitar com ela.

"E agora José?"

O que fazer agora? Encurralado, forçado, acoado, coagido e reivindicado por uma mulher carente e determinada a usá-lo como seu objeto sexual? Se a mulher falasse francês diria: "Joseph, mon amour...Couche avec moi."

José mes amis, assassinando talvez o seu próprio desejo carnal e certamente submetendo-se ao temor a Deus e a fidelidade para com o seu senhor toma a decisão mais crente que poderia tomar: fugiu, correu, pulou fora, vazou na braquiária, retirou-se a galopes para fora da casa, deixando inclusive sua capa nas mãos da candidata a adúltera.

O desdobramento desse episódio resumo em um parágrafo: A esposa traidora ardilosamente forjou uma acusação de tentativa de estupro por parte de José, fazendo-se valer da capa de José em suas mãos utilizando-a como suposta prova para sua falsa acusação. José foi preso, acusado de traição e tentativa de estupro, passou anos na prisão. Estando lá a graça do Senhor Deus estava sobre ele, de modo que achou graça ao carcereiro-mor da prisão, fora exaltado por ele a ponto de ser levado a presença de faraó para interpretar os sonhos reveladores que Deus o dava. Ganhou a confiança de Faraó. Foi nomeado governador do Egito. Reviu e salvou sua família da morte e resgatou a prosperidade perdida por parte do povo hebreu.

"E agora José?" - Caso II

Os registros históricos não são precisos o suficiente, mas tudo leva a crer que José nasceu mesmo na Judéia na cidade de Belém no século I a.C.. Preciso mesmo é dizer que possuía raízes nobres: sangue de rei nas veias, descendente do famoso e conhecido "homem segundo o coração de Deus" - Rei Davi, o matador de gigantes, o harpista dos pastos, o guerreiro dos sangues nas mãos, o general das grandes batalhas, o vitorioso de Israel, o salmista dos mil versos.

Descendência genealógica a parte, José era carpinteiro, fabricante de mesas, cadeiras e móveis: tudo para sua casa. Existem histórias e estórias sobre sua verdadeira trajetória de vida. Prefiro imaginá-lo como um homem sereno, talvez um pouco calvo, de poucas palavras, de atitudes certeiras e conduta ilibada. Um negociante respeitado lá na sua cidade, um sujeito boa praça, bem quisto do tipo que quando alguém pedia informação sobre ele outro alguém respondia: "Estás a negociar com José? Ah, esse é boa gente! Pode pagar adiantado que esse te entrega sua mesa direitinho do jeito que você encomendou."

Também o imagino como um homem de oração. Um daqueles que estava sempre a orar nas sinagogas todos os sábados, um daqueles que vivia a dar conselhos aos demais irmãos problemáticos da igreja, uma espécie de obreiro na casa do Senhor. Conjecturo um homem envolvido com as coisas de Deus, que desde a infância viajava a Jerusalém na cruzada da Páscoa. Ó coisa boa! Que sujeito gente fina toda vida...

Aconteceu que segundo a tradição do seu povo, José estava prometido a casamento a uma noiva: formosa, honrada, de família, virgem de tudo de nome Maria. Imagino a felicidade de todos ali frente a este casamento. José, Maria, os familiares...casamento é sempre um momento marcante não só na vida dos noivos que dantes viviam sós agora iniciam a nova vida conjugal, como também para as famílias, desposar uma filha, um filho, ainda mais naquele tempo em que casamento era um ato extremamente crucial e social. O sujeito tinha que casar bem, com moça direita, família de boa índole e tudo o mais.

Só que algo extramente novo, único e profundamente genuíno aconteceu àquela futura família prestes a se formar: José, com tudo certinho pra casar descobre que sua futura esposa está grávida.

"E agora José?"

Ora, ora, ora! Grávida de quem minha gente?! José não encostou nenhum dedo nessa moça! "Valei-me Deus, como isso foi me acontecer?! Logo eu, um homem tão temente a tí Senhor, esperei tanto minha varoa, agora essa mulher me aparece grávida?!" - Poderia ter pensado José. Ele deve ter caído em prantos, de joelhos, deve ter orado horas a fio. Deve ter jejuado...afinal, tudo marcado, tudo acertando, tudo arranjado, era só aguardar a hora do casório e a mulher de barriga! O que será que a sorte reservava a esse nobre carpinteiro?

Pensou, pensou, pensou, orou, orou, orou e como conhecia a regra vigente, de que se levasse Maria ao sinédrio ela seria condenada culpada e dificilmente escaparia da morte por apedrejamento, resolveu tomar uma decisão que colocaria fim a sua  reputação e seu bom nome: "intentou deixá-la secretamente", fugir, correr, pular fora, vazar na braquiária. Não! Não por fugir da responsabilidade meu amigo leitor! Mas no intuito de poupar  a vida de sua amada, fugiria, porque assim, a noiva poderia alegar que o filho era de José e o noivo sim que fugiu de suas obrigações. Maria ficaria inocente (ao contrário de morrer), e José levaria a culpa por abandonar sua futura esposa grávida...e ainda seria acusado de ter forçado a moça.

Amado irmão, mas aquela gravidez não era uma simples gravidez! Era fruto do Espirito Santo de Deus e quem Maria carregava era o salvador de toda a humanidade! Glória a Deus por isso. E nosso Deus não deixaria assim, essa coisa mal explicada, mesmo porque José foi escolhido para essa missão: ser o pai terreno de Jesus. E projetando José essa história de escapar o anjo do Senhor lhe aparece com a seguinte mensagem: "José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo; Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz; Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco. E José, despertando do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher; E não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe por nome Jesus. Mateus 1:25". Depois dessas coisas, José foi um pai exemplar, pai de família zeloso e marido presente.

"E agora José?" - Caso III

Havia um homem chamado José oriundo de Arimatéia, um povoado de Judá. Este não era um homem de origem pobre, plantador de milho, pescador, carpinteiro, oleiro ou outra profissão braçal que você possa imaginar da época de Jesus. José era senador, proprietário do moderníssimo cemitério em Jerusalém,  ilustre membro da assembléia, homem muito rico e um agente secreto de Jesus Cristo infiltrado no sinédrio. Tudo bem, essa parte de agente secreto coloquei por minha conta. Mas a verdade era que José se considerava seguidor de Jesus, mas em segredo. Ele tinha medo da reação dos judeus frente a sua conversão a pregação de Jesus. Afinal que inconcebível seria para um membro do Grande Sinédrio acreditar num "herege" como Jesus, chamado "O Cristo". Talvez seria catastrófico pra ele próprio, sua família, esposa, filhos, reconhecer abertamente que Jesus era o Senhor. Causaria um infarto no seu pai idoso, um surto de repúdio por parte de tanta gente que o respeitava.

José deveria ser o orgulho de Arimatéia. O povo devia se orgulhar desse grande homem. Empresário de sucesso, senador de renome, gente nobre, enchia de orgulho sua terra. Como envergonhar as autoridades e seu povo acreditando em algo tão estapafúrdio como o evangelho pregado por Jesus Cristo? Jesus estava sendo acusado pela vontade do sinédrio, não pelo voto de José que mantinha sua fé em Jesus durante todo o tempo. Em segredo.

Jesus então foi condenado a morte de cruz. Não diretamente por Pilatos, não por Herodes, mas pelos principais dos sacerdotes e escribas que o acusavam com veemência. E José ali, no meio dos outros, observando tudo, talvez com o coração apertado, de mãos atadas, sem ter o que fazer para defender o mestre, sem coragem para abrir a boca. Como revelar-se seguidor de Jesus abertamente a todos? A coisa estava ficando feia. Jesus fora sentenciado pelo povo e agora iria para o Gólgota pagar pelos erros que não cometeu. José sabia disso e nada podia fazer. Talvez soubesse que lá atrás Jesus repreendeu Pedro, sobre o cumprimento de sua missão. Preferiu se retrair. "Segurou a onda", "deixou rolar". Alí na reconfortante segurança do anonimato.

Jesus morreu crucificado. Tudo fora consumado. Houve trevas. O véu do templo de rasgou ao meio. O povo viu a manifestação do poder de Deus. Agora, ali, restava o corpo sem vida de Jesus, exposto à multidão. É bem provável que José tenha pensado com lágrimas nos olhos: "Olha Jesus, o filho de Deus! Entregou a vida dele por mim, sem medo, sem pecado, esse homem puro sem acusação alguma se entregou a morte de cruz por amor a todas essas almas."

"E agora José?"

"Do que valeria ser um inútil servo de Jesus? O que valeria servir ao Rei dos reis e não se apresentar ao serviço? E mais: se Jesus sofreu a consequência maior de morte de cruz, que consequência ruim o suficiente recairia sobre mim pior do que essa?"

Tomado por um desejo profundo de ser útil, José então busca uma coragem até então escondida nos subterfúgios do coração e sai em disparada ao encontro de Pilatos, um amigo de outras oportunidades. Subiu as escadas com passos firmes, cara sisuda, circunspecto, determinado e corajoso. Passou pelos soldados utilizando-se do salvo-conduto peculiar à sua função, e adentra ao palacete de Pilatos, solicitando de uma tacada só, sem rodeios o que na verdade veio reinvidicar: "Pilatos, eu quero o corpo de Jesus. Vou lhe dar um sepultamento digno." Pronto, não havia mais segredo! O povo agora sabia. Os doutores acabaram de tomar conhecimento e ficaram chocados. Bem que todos os indícios já apontavam pra isso: José era um seguidor secreto de Jesus esse tempo todo.

Não se sabe as consequências humanas de reprovação que José sofreu. A Bíblia não relata mais a respeito desse homem que cuidou do funeral digno de Jesus. Alguns livros apócrifos dos séculos seguintes afirmam  que ele foi reprovado juntamente com Nicodemos por se revelar seguidor de Jesus, e por isso tenha conhecido a prisão. São especulações e conjecturas que não nos dizem respeito. Mas o fato é que José fora tocado de maneira especial. Revelou-se, declarou-se publicamente sobre sua fé em Jesus. Não pensou mais nas consequências. Entendeu que seria cristão de verdade independente da patente ou classe social que fazia parte.

Morreu, assim como o destino final de cada um de nós aqui na terra. Mas seu testemunho permanece registrado nas escrituras sagradas e na hora de responder aos dilemas da vida soube escolher a melhor resposta.
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*Parafrasear um poema secular de Carlos Drummond de Andrade intitulado José apelidado de "E agora José" frente ao evangelho é algo a princípio surreal e inimaginável. No entanto, peguei o gancho de seu título e "linquei" aos nossos "Josés" bíblicos, que talvez a você, como muitas vezes a mim passam despercebidos, ou então apresentados como heróis bíblicos em nossos sermões alheios aos seus dilemas e dramas pessoais. No entanto, eles eram pessoas normais assim como eu e você. E frente ao evangelho, quando eu e você formos confrontados saberemos dar a resposta correta? E agora Bruno? E agora Marcos? E agora Samantha? E agora Suzana? E agora Paulo? - O que fazer para prosseguir daqui pra frente?

Assim como esses nossos irmãos bíblicos, saibamos escolher a melhor resposta e prosseguir para o alvo.



"Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim,
Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus".  Filipenses 3:12-14









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Felicidade se faz com música

Olá a todos!

Enfim, resolvi de vez expor minhas escritas. Sempre quis escrever, apresentar um pouco as idéias que estão sempre enclausuradas na minha mente, sem ter como escapar. Espero que gostem de tudo o que eu carinhosamente estou apresentando ai. E, se por um caso, precisares de uma banda pra tocar no seu casamento, na sua festa, no seu evento...estamos ai, fácil falar comigo. Abraços.

Abraço a todos.

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