Pessoal, antes de mais nada, quero agradecer ao jornalista da Rede Gazeta do Estado do Espirito Santo, Carlos Tourinho, por ter permitido a reprodução do seu texto aqui, que li em A Gazeta e achei interessantíssimo. Fala sobre paradigmas, mudanças, transformações. Nem sempre, o que nos garantiu o sucesso de outrora é o sucesso do amanhã. Uma ótima reflexão de valores humanos, não somente cristãos, pra você que é empreendedor ou simplesmente gosta de aprender sobre questãos "paradigmáticas" da vida! Boa leitura.
*por Carlos Tourinho
Dia destes apresentei aos meus alunos da Ufes o filme “A questão dos paradigmas”. É um vídeo feito nos anos 80, com técnicas de gravação e edição já superadas, o que gerou até alguma graça entre os estudantes – nativos digitais –, mas cujo conteúdo chamou a atenção. Tanto assim que “segurou” vinte e dois alunos numa sala de aula compartilhada com mosquitos até às dez da noite. E quem dá aulas sabe, isso não é tarefa fácil. Mérito para uma mensagem que fala daquilo que informalmente costumamos chamar de “pensar fora do quadrado”. Há algo mais atual e desafiador para jovens e criativos estudantes?
Numa das passagens deste vídeo, o apresentador diz que o sucesso do passado não garante nada diante da mudança de paradigmas. E cita como exemplo o caso da indústria relojoeira da Suíça. Em 1968, com uma indústria que fazia sucesso há 100 anos, a Suíça tinha 65% do mercado mundial e mais de 80% das receitas desta atividade no planeta. Dominava amplamente o mercado relojoeiro. No final da década seguinte a fatia do mercado tinha caído para 10% e nos três anos seguintes foram demitidos 50 mil dos 65 mil relojoeiros do país. A Suíça perdia o mercado para o Japão que, em 1968, não tinha qualquer participação nesta indústria. O que aconteceu para uma derrota tão rápida da Suíça e um crescimento tão vertiginoso da indústria japonesa? A mudança de paradigma é a explicação.
Um paradigma é o modelo dominante em certo período de tempo e em determinado mercado. Pode ser organizacional, tecnológico, sociológico etc. Ou seja: é o modelo adotado para se executar determinada atividade. E muitas vezes acaba sendo um limitador para muitas mentes. É a tal história de se pensar apenas “dentro” do quadrado. O risco de não se ousar. De ficar sentado em cima do sucesso. Quando um paradigma é quebrado, ocorre uma mudança do padrão então vigente. E as mudanças nestes padrões acabam por inaugurar uma nova era tecnoeconômica.
Voltando à história dos relógios suíços.
O vídeo fala de uma descoberta que mudou a história. Cientistas identificaram as propriedades do quartzo na geração de impulsos elétricos. E que esta capacidade poderia ser aplicada à produção de relógios mais precisos e baratos, já que o quartzo é o segundo mineral mais abundante no mundo. Os relógios a quartzo substiuíram os então mecânicos relógios suíços. Enquanto estes se desajustam em 1 décimo de segundo por dia, os de quartzo não erram mais que 1 milésimo. O curioso desta história: a tecnologia foi descoberta por um suíço, mas não foi levada a sério pelos fabricantes do país. Afinal, o que os pesquisadores estavam apresentando à indústria era um relógio sem mola mestra e sem engrenagens. “Nunca poderia ser o futuro desta indústria”, provoca o apresentador do vídeo. A ideia nem foi patenteada pela indústria suíça. O relógio não chegou a ser comercializado, mas foi exibido pelos pesquisadores num congresso internacional de relojoaria. Daí despertou o interesse das então incipientes indústrias de relógio americana, a Texas Instruments, e da japonesa, a Seiko. O resto da história já se sabe.