Muitos cristãos evangélicos tem um certo tipo de "aversão não declarada" sobre a oração chamada 'Pai Nosso" (em inglês the Lord's prayer) que Jesus Cristo, o próprio, nos ensinou.
Isso se deve ao modo com que os cristãos católicos fazem uso desta oração, transformando-a numa reza, declamando-a, por vezes, de uma maneira mecânica, proferindo-a por proferir, sem muito sentido, sem muita espiritualidade, cumprindo sua religiosidade.
Com todo respeito aos cristãos católicos, mas infelizmente isso acontece sim...assim como acontecem outras coisas esquisitas no meio evangélico, dignas de serem elencadas na lista das 10 coisas mais absurdas do mundo cristão.
Por conta dessa já rotulada "aversão", muitos evangélicos deixam de meditar, de estudar, de se aprofundar no sentido maior desta formidável receita de oração que Jesus nos revelou, e acabam por distorcer suas orações e afastá-las do sentido original deste tão sublime ato que é o orar.
Oração é falar com Deus. É fechar os olhos, ou com eles abertos, desligar-se de tudo o que é terreno, de tudo que nos cerca, e voltar nossa atenção exclusivamente ao trono da graça de Deus. É colocar-se diante do Pai e conversar com Ele. Lhe dirigir a palavra. Pôr a fé em ação. Praticar sua crença. Oração é o diálogo mais importante que o ser humano pode travar. É comunicar-se com o Celeste, com o Deus Triuno e Excelso.
Sabedor de que a oração é a chave principal de acesso ao Pai, Jesus percebe que o povo estava praticando este ato de uma maneira distorcida. Os religiosos da época, andavam utilizando a oração para promoção pessoal. Eles costumavam orar em pé nas sinagogas, nas esquinas, em tudo o quanto é lugar que lhes garantia visibilidade pública.
Consigo imaginar direitinho a cena: Aqueles homens barbudos, com suas cabeças cobertas com o Talit adornado com as tzitzit, cobrindo os ombros encapados com suas túnicas em linho trabalhado e sandálias nos pés, no meio das praças, no centro da sinagoga, empostando a voz e falando com ar de sobriedade recitando sua Tefilá Shacharit nas primeiras horas da manhã: "Adonai mêlech, Adonai malách, Adonai yimloch leolam vaed."* Rezavam alto, por vezes observando de canto de olho se as pessoas em volta o notavam. Assim que viam pessoas se maravilhando com suas belíssimas orações instauradas pelo pai Abraão, tornavam a orar ainda mais alto, satisfeitos com sua boa ação contagiante. Esta é a interpretação que faço das palavras de Jesus.
Então, Jesus, vendo estas distorções, resolve orientar o povo, sobre como devemos orar. Imagino que este deve ter sido um momento muito sereno, em contraste com todo o estardalhaço apresentado pelos religiosos de plantão. Jesus fala de modo afável:
- Tu quando orardes, entra no teu quarto, fecha a porta, ora em secreto. Pois o Pai que te vê em secreto também te recompensará.
E em seguida profere a tão amável oração:
Pai nosso que estás nos céus,
Santificado seja o teu nome;
Venha o teu reino,
Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;
O pão nosso de cada dia nos dá hoje;
E não nos deixes entrar em tentação; mas livra-nos do mal.
Porque teu é o reino e o poder, e a glória, para sempre, Amém.
Mateus 6:9-13
A Bíblia não relata, mas creio que muitos judeus naquele momento ficaram pasmos. Jesus não mencionou nada dos ritos milenares dos profetas. Não citou nada sobre a Tanakh, tampouco pegou o sidur para recitar suas orações. Não vestiu as indumentárias milenares e disse que mais importante do que orar em público, moda da época, era orar em secreto.
A coisa toda de conversar com Deus era muito mais simples do que se imaginava. As palavras de Jesus, por certo, penetraram em muitos corações naquele sermão.
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Dois mil anos se passaram, e cá estamos nós, cristãos modernos, envoltos com os mesmos problemas dos israelitas da época de Jesus.
Ele veio, nos ensinou a orar, e hoje, como se desaprendessemos tudo, estamos envolvidos nas mesmas atitudes arrogantes e sujas, mas agora, com microfones nas mãos.
Tem pastor, ministro de louvor, lider disso e daquilo outro dentro das igrejas, que andam fazendo caras e bocas na hora de orar. Alguns até entregam profetadas. Outros, admoestam com "autoridade" e dizem que foi Deus que falou. Ainda outros continuam a usar de vãs repetições. Fazem da oração um palanque para arrancar "Ohs!" dos outros, para sensibilizarem os menos oradores, para induzirem alguém a adentrarem por seus designos, e, com dor no coração escrevo isto, para manipularem os outros.
Triste constatação.
Poderia escrever um livro aqui sobre o assunto e sobre tudo que temos visto em nosso meio evangélico, que cá pra nós, anda mais místico do que muitas ceitas pagãs.
Mas não temos tempo pra isso e nem é o propósito deste espaço. E ademais, que o Espirito Santo complete o sentido destas palavras no coração de cada um de nós (inclusive no meu).
No entanto uma das distorções mais desastradas que estamos fazendo em nossas orações está no sentido de "SEJA FEITA A TUA VONTADE, ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU".
Oh Deus, perdoa-nos por isso!
Jesus foi claro e suscinto! Mais claro do que Ele foi, impossível! Pai: Seja feita a tua vontade. Mas o que temos observado amados irmãos, é que muitas vezes NÓS, queremos que Deus faça a NOSSA VONTADE.
Estamos orando a todo o tempo "Senhor, faça a minha vontade." e não damos conta disso.
Jesus morreu por nós sim queridos. Mas no momento decisivo dessa sua missão, no Getsêmani ele ora "Aba, Pai, tudo te é possível; afasta de mim este cálice; todavia não seja o que eu quero, mas o que tu queres.".
Amados, temos o direito de pedirmos o que quisermos a Deus. Ele nos garante isso. Todavia, quando entendemos que a vontade do Pai prevalece em nossas vidas, entedemos o propósito de servirmos a Deus.
Aliás, tenho dito muito isso pra mim ultimamente: "sou eu que sirvo a Deus, não Ele que me serve."
Tem gente pensando e praticando o contrário.
Acham que Deus está nos céus numa sala de despachos, despachando, bençãos, carros zero, dinheiro e tudo o mais cuja a finalidade seja a de nos oferecer conforto e uma vida regalada.
Amados, temos o direito de pedirmos o que quisermos a Deus. Ele nos garante isso. Todavia, quando entendemos que a vontade do Pai prevalece em nossas vidas, entedemos o propósito de servirmos a Deus.
Aliás, tenho dito muito isso pra mim ultimamente: "sou eu que sirvo a Deus, não Ele que me serve."
Tem gente pensando e praticando o contrário.
Acham que Deus está nos céus numa sala de despachos, despachando, bençãos, carros zero, dinheiro e tudo o mais cuja a finalidade seja a de nos oferecer conforto e uma vida regalada.
Tem gente que sofre demais pelo evangelho e Jesus disse "bem aventurados os que por meu nome sofrerem perseguições", "bem aventurados os mansos e humildes porque dos tais é o Reino dos céus." Esses certamente compreenderam o que seja a vontade de Deus, que nem sempre significa bençãos materiais e posições de destaque.
Quando compreendemos quem é Deus e quem é homem, enfim, alcançamos a vontade de Deus e podemos orar verdadeiramente: seja feita a tua vontade!
"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus." Mateus 7:21
Em Cristo,
Bruno Ramos
* "O Eterno é Rei, O Eterno Reina, O Eterno Reinará para todo sempre."
Parabéns, muito bom seu blog..
ResponderExcluirQue nosso Deus continue lhe abencoando e lhe usando.
Na fé..
Ja estou lhe seguindo
obrigado nay santos, pela visita. volte sempre! fique na paz!
ResponderExcluirQue palavras bonitas,claras,explicitas...certamente ditadas pelo Espírito Santo ao seu coração!
ResponderExcluireu já havia lido essa sua postagem,mas hoje ela me tocou mais!
Parabéns,Bruno,que Deus continue usando vc,na sua juventude e na sua fé.
nosso jovem precisa de exemplos de pessoas integras!
Suely
Http://sbertoncini.zip.net
Suely, Deus é Deus o resto é imitação...se eu tenho sido benção na sua vida, saiba que você tem sido muito mais na minha, pelo simples ato de estar aqui e manifestar isso!
ResponderExcluirDeus te abençoe poderosamente e continue me abençoando com seus comentários!!!