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domingo, 1 de julho de 2012

'Oniprasempre'



Ainda me lembro muito bem nas minhas mais remotas lembranças, das vezes que papai e mamãe me levavam pra igreja, isso lá nos meados da década de 80. Papai as vezes fazia uma "cadeirinha" com os braços e me "encaixava" no seu colo, com as minhas costas apoiadas na sua barriga e as pernas no ar, enquanto mamãe embalava Fernanda minha irmã mais nova, num trajeto entre a casa e a igreja, numa cidadezinha bucólica no interior do estado do Espirito Santo, onde a "linha do trem" que cortava a cidade servia como referência geográfica das coisas: "antes da linha", "depois da linha", "seguindo a linha"...

Em cidades assim, alguns elementos são exponencialmente preponderantes no lugar: a igreja católica, a linha do trem, a ponte sobre o rio, a pracinha, a escola...repare no artigo definido "a". Sim, porque embora as vezes possuam mais de uma, talvez duas, não mais do que três, esses símbolos históricos da cultura interiorana brasileira em maior ou menor grau permanecem os mesmos desde a época do Brasil Colônia nessas instâncias brasileiras.

Se você vai na serra gaúcha, no serrado brasileiro, nas montanhas do sudeste, na mata atlântica do litoral, no pantanal do centro-oeste, as cidadezinhas pequeninas permanecem quase que intocadas.

Dia desses, fui tocar em um casamento na cidade de Mimoso do Sul. Nas ruas bem asfaltadas e bordadas por casarões a moda antiga, com calçadas enfeitadas com pés de oitis, observo como se minha memória voltasse vinte e cinco anos atrás, uma dessas vendas de secos e molhados do tempo antigo...alguns senhores sentados jogando dama ou xadrez, uma placa de um refrigerante que não se fabrica mais a um quarto de século, uma bancada de madeira com um rolo de papel de pão e barbante, azulejos revestindo o interior da venda com aqueles desenhos que já não se produzem mais de figuras geométricas que se completam, bexigas de mortadela expostas esperando os clientes para serem levadas embora.

Não nego que sou um saudosista inveterado. E como músico e aprendiz de escritor que sou, sou propenso a me inundar de emoção com essas coisas mais do que as pessoas normais, rs. Então, quando me deparo com essas imagens, sou submerso num mar de lembranças boas e fico horas meditando em experiências bacanas da infância, da juventude e tudo o mais. Lembro do cheirinho de café das manhãs de sábado na casa do meu tio Almir, lembro da padaria do Seu Castor, da pracinha da cidade com uma televisão no meio, onde nas noites de domingo muita gente se reunia pra assistir a programação. Lembro-me dos cavalos deixando seus excrementos nas portas de todo mundo, como também das madrugadas em que era acordado com a folia de reis, com aqueles homens mascarados, dançando seu folclore macabro e assustador.

Lembrando-me disso tudo, também não poderia deixar de relatar minhas amáveis lembranças no seio da igreja. Lá na minha infância foi quando conheci Deus. Talvez não diferente de todos nós, mas o tanto que aprendia na escola sobre matemática ou português, era a proporção que aprendia em casa e na igreja sobre as coisas do céu.

Meu pai me ensinou a cantar, e com muita frequência lá estava eu, no púlpito com meus cinco, seis anos de idade, com um microfone na mão, cantando pra igreja, ao lado de minha irmã de três anos, com papai e seu inseparável bigode contornando sua boca com o violão na mão e mamãe com suas ombreiras e cabelo de franja, brincos de argola cantando no nosso quarteto familiar.

Passávamos horas ensaiando em casa, aprendendo as letras da canções, afinando as vozes, aprendendo a dicção correta dos "erres" e "esses" e encaixando tudo pra sair joinha na hora de cantar "lá na frente". As vezes ensaiávamos depois do culto doméstico. Outras vezes o ensaio era justamente na hora de brincar. Olha, que aflição me dava nessas horas! Ouvir a gurizada lá fora, na rua, chutando aquela bola, e eu, ali dentro, enclausurado com minha família decidindo a melhor entonação de uma determinada música. Mas a verdade é que eu sempre gostei mesmo de ensaiar e lidar com a música.

Chegando nos dias de hoje, eu cá com meus trinta anos de vida, tenho muito ainda que viver, mas também reconheço a longa jornada que me trouxe até aqui. Afinal, trinta anos não é pouca coisa.

E com minhas experiências acumuladas, minha interpretação do mundo mudou muito, drasticamente. Obviamente, tinha que mudar mesmo. Antes, eu era menino, pensava como menino. Hoje sou adulto e penso como tal. Falei sobre isso num outro texto que escrevi específicicamente sobre isso: nada como a maturidade.

Muita coisa no meu modo de pensar mudou. Mas algo permanece o mesmo desde minha infância: meu modo de me relacionar com Deus. Eu mudei, mas Ele permanece o mesmo. Mudei sim, mas o sentimento que tenho, a fé, a forma como eu o compreendo no seu trono de Glória e Majestade são os mesmos de quando me batizei em 1989. Sério.

Deus continua sendo o mesmo porque é Deus. Imutável. O mesmo Deus de ontem, que me livrou me guardou e me protegeu é o mesmo de hoje que continua a me guardar e me livrar do mal. É o mesmo Deus que responde minhas orações, não no meu tempo, mas no tempo Dele, que Ele considera apropriado me atender, porque Ele é Deus. Costumo dizer, que Deus está no mesmo lugar que sempre esteve, desde o Jardim do Édem. Nós que escolhemos nos afastar e nos aproximar Dele a nosso bel prazer.

Mas Ele continua lá. Aguardando nosso retorno sempre. Imutável.

O mesmo Deus que conheci e aprendi a amar na minha infância é o mesmo de hoje e assim será eternamente.

Não perca a oportunidade de conhecer e se relacionar com este maravilhoso Deus.


Por Bruno Ramos



2 comentários:

  1. Deliciosa leitura,nos levando sempre a buscar a Deus.
    sempre que leio seus posts,fico feliz,em ver você,jovem,falando,amando a Deus,e buscando,evangelizando...
    que Deus o abençoe nessa linda caminhada
    Suely
    http://sbertoncini.zip.net
    mensagens biblicas a cada dia!

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  2. amém amada irmã suely. suas palavras muito me apraz!sua visita é sempre muito bem vinda, aliás, a casa é sua!

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Felicidade se faz com música

Olá a todos!

Enfim, resolvi de vez expor minhas escritas. Sempre quis escrever, apresentar um pouco as idéias que estão sempre enclausuradas na minha mente, sem ter como escapar. Espero que gostem de tudo o que eu carinhosamente estou apresentando ai. E, se por um caso, precisares de uma banda pra tocar no seu casamento, na sua festa, no seu evento...estamos ai, fácil falar comigo. Abraços.

Abraço a todos.

brunodearamos@gmail.com
(28) 9923 5466
(28) 9922 5062